Projeção aponta para crescimento da mortalidade por cânceres masculinos

Em relação aos cânceres exclusivamente masculinos – próstata, pênis e testículos – a perspectiva de 2022 até 2030 é de aumento do percentual de mortalidade em todos os continentes do mundo. Isso é o que revela o levantamento feito pelo Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) na base de dados do Cancer Tomorrow, plataforma da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS). O Brasil, por sua vez, acompanha o cenário global, conforme os dados a seguir:

 

“Portanto, no Novembro Azul, acreditamos ser muito importante ampliar a conscientização para além do câncer de próstata, incluindo os cânceres de pênis e de testículo, alertando para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dessas doenças oncológicas exclusivamente masculinas”, afirma o cirurgião oncológico Gustavo Guimarães, diretor do Instituto de Urologia, Oncologia e Cirurgia Robótica (IUCR) e coordenador geral dos Departamentos Cirúrgicos Oncológicos do grupo BP-A Beneficência Portuguesa de São Paulo

O diagnóstico precoce é um dos fatores importantes para o sucesso do tratamento de qualquer tipo de câncer e os de próstata, testículo e pênis não são exceção. Nesse aspecto, explica Guimarães, é preciso ampliar a informação referenciada sobre essas doenças para o público masculino, além de quebrar a barreira cultural que existe em relação às consultas regulares ao urologista.

“Acho que tem havido melhora na relação do público masculino com alguns tabus, como o exame de toque retal, essencial ao lado do teste de PSA (Antígeno Prostático Específico), feito a partir da coleta de amostra de sangue, para diagnóstico de câncer de próstata. No entanto, ainda temos um caminho a trilhar. Não seria exagero inferir que o diagnóstico de doença avançada seja um dos fatores do crescimento do percentual estimado de mortalidade para os cânceres de próstata, testículo e pênis”, afirma.

Além disso, alerta o especialista, muitos dos fatores de risco para esses tipos de câncer exclusivamente masculinos são evitáveis, como tabagismo, etilismo, sedentarismo, entre outros. Também importante é prestar atenção ao seu próprio corpo e procurar um médico ao perceber alterações.

Câncer de próstata

É um câncer silencioso no início, sem a presença de sintomas. Mas com a evolução da doença começam a aparecer sinais.

A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que homens a partir de 50 anos de idade consultem anualmente um médico urologista para avaliação. Homens negros ou com parentes de primeiro grau com câncer de próstata devem começar com essa consulta médica mais cedo, aos 45 anos.

O tratamento do câncer de próstata é individual, considerando aspectos como quadro clínico e idade do paciente, estadiamento do câncer, possíveis efeitos colaterais do tratamento. O plano terapêutico pode incluir de modo individual ou combinados, cirurgia, com destaque para a tecnologia robótica; ultrassom de alta frequência; hormonioterapia; radioterapia; crioterapia; protonterapia; quimioterapia. “Há casos selecionados em que a doença é indolente e podemos optar por não tratar, mantendo uma vigilância ativa”, informa Guimarães.

Câncer de pênis

As principais medidas preventivas contra o câncer de pênis são lavar o órgão com água e sabão (incluindo a glande). No caso da fimose é importante tratar porque essa condição aumenta em quatro vezes o risco de surgimento de lesões malignas na glande e prepúcio. Além disso, é recomendável realizar o autoexame do pênis pelo menos uma vez ao mês, para identificar, precocemente, eventuais lesões de aspecto suspeito.

Outra medida é aderir à vacina contra o vírus HPV (o imunizante está disponível no SUS) e sempre usar proteção nas relações sexuais. Em caso de câncer de pênis, o diagnóstico na fase inicial da doença aumenta as chances de sucesso do tratamento e diminui o risco de amputação do pênis.

A maioria dos casos de câncer de testículo ocorre entre as idades de 15 e 50 anos, sendo mais comum na faixa dos 15 aos 34 anos. A raça também é um fator a ser considerado, uma vez que os homens brancos têm de 5 a 10 vezes mais chances de desenvolver câncer testicular do que os homens de outras raças. Herança genética é outro fator de risco, ou seja, quando há história familiar de câncer de testículo. Esse câncer também pode acometer mulheres trans, travestis e pessoas de gêneros não binários.

Em geral, os homens tendem a associar alterações no testículos a doenças venéreas ou traumas na região e demoram para ir ao médico. No entanto, é fundamental, ao perceber alguns sinais e irregularidades nos testículos, procurar ajuda especializada de urologistas para investigar as causas das dores e das anomalias.

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