Saúde digital é uma ferramenta de redução das desigualdades

Por Ian Bonde

O Brasil possui o sétimo maior sistema de saúde do mundo. Investimos quase 10% do PIB na área, o mesmo que nações desenvolvidas como Japão ou Reino Unido, e somos o quarto país em número de profissionais de saúde.

Apesar de tudo isso, nossa saúde é classificada como “ruim” por quase 90% da população. O que explica essa discrepância entre investimento e resultado na ponta?

O assunto é complexo – e certamente há que se pensar em áreas da saúde que mereceriam ainda mais investimento. No entanto, uma das causas do problema é seguramente a desigualdade, inclusive geográfica, que marca nosso sistema de saúde.

O Brasil tem 2,4 médicos a cada mil habitantes, uma taxa similar à do mundo desenvolvido, mas esses profissionais estão concentrados nas grandes capitais, especialmente nas regiões Sul e Sudeste. Com isso, certos tipos de atendimento, sobretudo os mais especializados, simplesmente não chegam em todos os cantos do país.

Creio que esse cenário enseja uma boa discussão sobre o papel da saúde digital. Aplicativos de saúde já são encarados como ferramentas práticas, que melhoram a qualidade do atendimento e facilitam o cuidado continuado. Mas é preciso ir além e compreender que a digitalização da saúde também é uma ferramenta de redução das desigualdades.

Em um país de dimensões continentais como o Brasil, no qual apenas um quarto da população pode pagar por atendimento médico privado, essas plataformas são uma forma instantânea e barata de garantir atendimento de qualidade a setores da população que ainda não contam com uma infraestrutura hospitalar completa, geralmente restrita aos grandes centros urbanos. Se quisermos reduzir a distância social entre quem pode e quem não pode pagar por um atendimento de saúde mais especializado, cuidados de saúde mental, é preciso discutir a adoção de estratégias híbridas (presencial + digital).

Esse é um debate global. As healthtechs cresceram exponencialmente nos últimos anos, impulsionadas, é claro, pelo contexto de pandemia. A maioria dos pacientes, no Brasil e no mundo, aprovam o serviço e declaram que recorreriam novamente atendimentos e consultas não-presenciais. Até porque, em média, mais de 80% dos atendimentos digitais são resolutivos, desafogando o pronto atendimento dos hospitais para casos mais emergenciais. Não por acaso, uma prestigiada empresa de consultoria previu que até US$ 250 bilhões que circulam no mercado de saúde norte-americano devem migrar para a área de saúde digital nos próximos anos. Os números se referem aos Estados Unidos, mas indicam uma tendência geral.

O mundo vem percebendo que essa é uma maneira viável de democratizar, com rapidez e sem perder qualidade, o acesso. No Brasil, qualquer debate sobre redução das desigualdades sociais e regionais precisa passar a contemplar esse assunto, encarando a digitalização da saúde não como uma panaceia, mas como parte de uma estratégia ampla, multifacetada, e de cuidado contínuo.


*Ian Bonde é CEO da Vibe Saúde.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.