Saúde: o combustível da vida e a prevenção como valor central

Por Gilberto Ururahy

Nos últimos anos, a discussão sobre o futuro da saúde ganhou novos contornos. Avanços tecnológicos, o envelhecimento da população e o aumento das doenças crônicas transformaram profundamente a forma como cuidamos de nós mesmos. No entanto, ainda prevalece um modelo de atenção voltado à reação, aquele que atua depois que a doença já se manifesta, e não, à promoção ativa da saúde.

Essa estrutura, presente em vários países, impõe custos crescentes e pressiona governos, empresas e indivíduos. No Brasil, os números mostram o tamanho do desafio. Segundo o IBGE, os gastos com saúde ultrapassaram R$ 700 bilhões em 2019. E embora a expectativa de vida, hoje em 76,4 anos, deva alcançar 77,8 anos até 2030, nem todos esses anos são vividos com autonomia e bem-estar. A lacuna entre longevidade e qualidade de vida segue aumentando.

Um levantamento da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), em parceria com o PoderData, mostrou que 71% dos usuários do sistema público e 85% dos beneficiários de planos privados não incorporam práticas preventivas no dia a dia. Mesmo com acesso a consultas e exames, a prevenção ainda ocupa um papel secundário na rotina dos brasileiros. O sedentarismo, a má alimentação e o estresse seguem entre os principais fatores de risco.

Estudos internacionais, como os conduzidos pela Universidade de Stanford e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), mostram que cerca de 70% das mortes prematuras estão ligadas a hábitos e comportamentos modificáveis, como sedentarismo, má alimentação, tabagismo e consumo excessivo de álcool.

Sempre acreditei que saúde é o combustível da vida. Essa ideia traduz a essência da medicina preventiva: cuidar antes que o corpo adoeça, compreender que corpo e mente formam uma unidade indissociável e que o equilíbrio é a base de qualquer projeto de longevidade com qualidade.

A transformação necessária, porém, não depende apenas do indivíduo. Envolve empresas, governos e o próprio mercado da saúde. O relatório ROI do Bem-Estar 2024, da Wellhub, revelou que 99% das companhias brasileiras que medem o retorno financeiro de programas de bem-estar registram resultados positivos, com redução de custos médicos, queda no absenteísmo e aumento de produtividade. Investir em prevenção é mais do que uma escolha humana, é uma decisão estratégica.

A Organização Mundial da Saúde reforça esse movimento. Segundo a OMS, 15% dos adultos em idade produtiva sofrem de algum transtorno mental, e a depressão e a ansiedade resultam na perda de cerca de 12 bilhões de dias de trabalho por ano no mundo. Esses números mostram que cuidar da saúde mental e física não é custo, é sustentabilidade, humana e econômica.

A medicina do século 21 precisa consolidar um novo paradigma: o da prevenção como valor central. Um sistema que promova saúde, e não apenas trate doenças, gera benefícios éticos, sociais e econômicos. Não se trata de substituir a medicina curativa, mas de reconhecer que o cuidado contínuo é o verdadeiro antídoto contra o desgaste de um modelo reativo.

Em um mundo que corre contra o tempo, prevenir é o gesto mais inteligente e humano que podemos adotar. Porque saúde antes de ser gasto, negócio ou estatística, é e sempre será, o combustível da vida.


*Gilberto Ururahy é Diretor-médico especializado em medicina preventiva na Med-Rio Check-up.

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