A importância da saúde bucal na busca pela longevidade
Por Regina Juhas
A famosa longevidade, definida como a extensão da vida de um indivíduo, não se limita apenas a uma maior expectativa de vida. Ela está relacionada à qualidade e vitalidade dos anos vividos e, felizmente, está se tornando uma realidade cada vez mais comum em nossa sociedade.
Como todos sabem, o Brasil vive uma revolução demográfica com a inversão da pirâmide etária e a população envelhecendo rapidamente. Segundo o Ministério da Saúde, até 2030 seremos o sexto país com o maior número de pessoas acima de 60 anos do mundo e, até lá, teremos mais idosos do que crianças de até 14 anos. Já a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) indica que os cuidados com o público sênior consumirão 45% do total das despesas assistenciais, ante os atuais 35%.
À medida que os avanços na medicina nos permitem viver mais, surgem também desafios e oportunidades que merecem nossa atenção e reflexão. Quando se fala de uma vida mais longeva, a saúde é um pilar fundamental e ela precisa ser tratada com foco na prevenção. Isso significa idas ao consultório médico com maior frequência e realização de exames regularmente para detectar doenças antes que elas aconteçam.
E partindo do pressuposto que a saúde começa pela boca e que ela pode ser a porta de entrada de muitas doenças, a atenção a essa parte do corpo precisa ser prioritária também nessa fase da vida.
Ao possibilitar um cuidado odontológico adaptado para essa faixa etária, não apenas melhoraremos a saúde bucal, mas também contribuiremos consideravelmente para o bem-estar de uma forma geral, reforçando a importância de um envelhecimento saudável.
De acordo com o Conselho Federal de Odontologia, uma boca saudável é indispensável para prevenir diversos problemas sistêmicos, enquanto a doença periodontal pode estar associada a um aumento do risco para pneumonias, endocardites bacterianas e doenças arteriais coronarianas, podendo gerar acidente vascular cerebral (AVC) e até mesmo interferir no controle do diabetes. Problemas como ausências dentárias, apertamento e bruxismo impactam negativamente o sono, a mastigação e a fala e, consequentemente, afetam fortemente a qualidade de vida.
Com os avanços da tecnologia, já temos à disposição uma medicina que consegue oferecer diagnósticos precoces, com tratamentos eficientes e a inclusão da inteligência artificial em várias etapas do processo, inclusive para auxiliar em melhores procedimentos dentários.
Com ferramentas de IA, é possível aprimorar os cuidados com a saúde bucal, utilizando a visão computacional para analisar radiografias panorâmicas, identificar possíveis anomalias e tratamentos já realizados, detectar automaticamente problemas como cáries e doenças periodontais. Isso reduz o tempo gasto na análise manual e aumenta a precisão dos diagnósticos.
Podemos concluir que viver mais impacta diretamente diversos segmentos da sociedade, como economia, finanças, mercado de trabalho, turismo, entretenimento e, principalmente, na saúde. Como a população brasileira envelheceu rapidamente, o assunto precisa ser pauta das discussões, já que o país precisa se preparar para atender às necessidades deste público.
Longevidade significa viver mais e melhor. Para caminhar até lá é necessário adotar hábitos saudáveis para melhorar a qualidade de vida como um todo. Ao manter os cuidados com a saúde do corpo, da mente e também da boca, é possível chegar à melhor idade com mais disposição. Sendo assim, é sempre importante ressaltar que a saúde bucal é valiosa em todas as fases e deve ser prioridade também para o público mais maduro.
*Regina Juhas é Superintendente de Gestão da Qualidade da Odontoprev.