A urgência da autonomia na produção nacional de insumos

Por Marcelo Mansur

Os investimentos na indústria nacional são também uma oportunidade para debater sobre diversas pautas urgentes, que vão desde a atenção primária no atendimento da população até o tratamento de doenças crônicas, que atingem milhares de pessoas no Brasil, como asma, obesidade e Alzheimer. No entanto, é importante que o Governo Federal, entidades do setor e a sociedade possam refletir e agir para a melhoria da base da cadeia produtiva responsável pela fabricação de insumos farmacêuticos ativos (IFAs). O assunto vem ganhando mais destaque com os anúncios do novo PAC e os planos para o Complexo Industrial da Saúde. Isso mostra a urgência do tema, principalmente para o enfrentamento das demandas internas do país, como foi na época da pandemia e com o recente surto de dengue, além de outras necessidades, como o envelhecimento da população.

Conforme apontado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de idosos cresceu. Este grupo teve um salto de 57,4% em 14 anos, o que representa, atualmente, 15,6% da população. Esta é uma faixa etária que necessita de acompanhamento e suporte dos sistemas público e privado, visando não só tratamento de doenças, mas o controle e prevenção de diagnósticos, como hipertensão, diabete, câncer, etc.

Por isso, pensando na constante necessidade de atendimento do sistema de saúde, é essencial fortalecer a produção nacional de IFAs e fármacos. Conforme apurado pela Associação Brasileira da Indústria de Insumos Farmacêuticos (Abiquifi), o Brasil produz apenas 5% de todos os insumos de que necessita. Este déficit pode custar caro, principalmente quando surgem situações em que a escassez de oferta e a alta demanda levam a consequências trágicas, como foi na pandemia.

E o que aconteceria se faltasse medicamento para atender os mais de dois milhões de casos de dengue registrados no Brasil, conforme dados do Ministério da Saúde divulgados em março? É preciso estar preparado com estoques e produções internas para responder rapidamente a crises como esta, já que a estimativa é de dobrar esse número até o fim do ano.

Portanto, investir na autonomia da produção farmoquímica e farmacêutica é um movimento estratégico e de segurança, defendido há anos por instituições de saúde, representantes do setor industrial e sociedade. Por isso, a Nortec Química é uma das empresas brasileiras que faz parte do Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (GECEIS) e vem acompanhando esses movimentos, que já devem trazer resultados positivos a partir de 2024.

O novo PAC traz uma perspectiva real e positiva com o Complexo Industrial da Saúde, que visa aumentar em 70% a autonomia de produção do Brasil nos próximos 10 anos. Para isso, já foram liberados, em dezembro de 2023, mais de R$ 650 milhões para o projeto, o que inclui o retorno das Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDP), essenciais para o fomento da fabricação de insumos e, consequentemente, medicamentos, além de ser um incentivo econômico às empresas brasileiras.


*Marcelo Mansur é diretor presidente da Nortec Química S/A.

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