Como a parceria entre médicos e robôs está reabilitando pacientes
Por Gabriela Lima
A história da cirurgia robótica é relativamente recente, diante de tantos avanços e inovações que continuamente contemplam o universo da saúde. Desde que o primeiro procedimento – realizado em 1985 com a assistência do braço robótico PUMA 560, durante uma delicada biópsia neurocirúrgica – abriu caminhos para a chegada definitiva de métodos laparoscópicos, as contribuições da tecnologia não param de revolucionar diferentes áreas da medicina, com uma bagagem extremamente positiva para os profissionais e seus pacientes.
Entre as novas tecnologias que desembarcaram no Brasil nos últimos dois anos, sistemas robóticos ortopédicos, por exemplo, seguem proporcionando um novo cenário aos pacientes que sofrem de doenças degenerativas como a artrose, uma das enfermidades mais incapacitantes, especialmente quando afetam as articulações dos joelhos. De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2015 mais de 15 milhões de pessoas já sofriam de artrose no país, números que tendem a aumentar com o passar dos anos, diante do envelhecimento da população – já que entre 70 e 80% das pessoas acima dos 65 anos recebem tal diagnóstico – e dos casos crescentes de sedentarismo e obesidade, quadros que impactam diretamente na saúde articular; este público, por exemplo, já representava 25,7% dos brasileiros em 2020, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Caminhar, subir e descer escadas, entre outras situações corriqueiras são motivo de muita dor para essas pessoas. Aos casos severos da doença – quando medidas paliativas como o uso de anti-inflamatórios, analgésicos, pomadas e infiltrações, assim como a realização de fisioterapia com recursos térmicos, aparelhos e exercícios não surtem mais efeito – a cirurgia de substituição parcial ou total da articulação de joelho é a única alternativa capaz de trazer a cura e a reabilitação desses pacientes para que, enfim, recobrem sua autonomia, mobilidade e bem-estar na retomada das atividades diárias. E é nesse sentido que os sistemas robóticos têm promovido ganhos exponenciais a todos os envolvidos neste processo.
Atuando em parceria com os especialistas neste tipo de cirurgia, a colaboratividade dos robôs ortopédicos traz uma precisão inigualável nos procedimentos. Em conjunto com a tecnologia computacional e de software, estes sistemas reúnem uma série de dados do paciente, coletados no pré-operatório e integrados à anatomia em tempo real, mapeada durante o ato cirúrgico, projetando como se fosse um modelo 3D do joelho. Seus braços robóticos são capazes de apontar, de forma submilimétrica, o ponto exato a ser feita a incisão, permitindo o encaixe perfeito da prótese e ampliando o potencial de preservação dos tecidos que envolvem a articulação. Um diferencial de personalização que tem permitido a realização de cirurgias ortopédicas cada vez mais práticas, otimizadas e de alto índice de sucesso aos médicos, do planejamento à execução; assim como uma recuperação mais rápida, com menos dor, menos sessões de reabilitação, menor administração de medicamentos pós-operatórios e redução do tempo de internação dos pacientes, quando comparado às técnicas cirúrgicas tradicionais.
Embora algumas pessoas ainda tenham receio quando pensam em um robô realizando sua cirurgia, a grande verdade é que essa tecnologia não opera sozinha e sim, de forma colaborativa, com a presença e o direcionamento médico. Todo os benefícios agregados ao processo, que continua centrado no cirurgião, servem de suporte para a otimização e eficiência desses procedimentos, reduzindo o percentual de erro humano. Soluções como essa, voltadas para as cirurgias de joelho são apenas o primeiro passo no segmento da ortopedia, que muito em breve passará a contar com outras inovações, especialmente projetadas para as demais articulações como as do quadril e ombros. E se existem definições para a cirurgia robótica, tanto atualmente quanto para os próximos anos, podemos dizer, com convicção, que precisão e parceria lideram seu propósito.
*Gabriela Lima é coordenadora de desenvolvimento de produtos na área de inovação da Zimmer Biomet no Brasil.