Por que os robôs estão dominando as cirurgias ortopédicas
O uso da robótica na Medicina está crescendo, com aplicações em áreas cirúrgicas, como cirurgia geral, Urologia, Gastrocirurgia, Ginecológica, Neurocirurgia e Ortopedia (mais precisamente na área de próteses). “Os robôs permitem melhorar a precisão dos procedimentos, pois garantem em muitas áreas movimentos com precisão submilimétrica. Além disso, os braços robóticos permitem chegar aonde muitas vezes a mão e a visão humanas não alcançam. Como uma visão mais apurada conseguimos garantir maior segurança ao manipular estruturas nobres”, explica o ortopedista Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). O ortopedista explica que a cirurgia robótica já é feita no Brasil e se destaca como um avanço importante na artroplastia de joelho por trazer diversos benefícios ao médico e paciente.
Mas quando o assunto é cirurgia robótica, não espere um robô que age sozinho. “Um robô cirurgião que age por conta própria ainda é ficção cientifica. Na verdade, hoje, quando falamos de cirurgia robótica nos referimos principalmente a um equipamento com um braço robótico equipado com pinças e câmeras. Esse braço é totalmente controlado pelo cirurgião. Então, o sucesso do procedimento ainda se deve totalmente à experiência e ao conhecimento do médico”, diz o ortopedista. “O robô é um coadjuvante da atividade médica. É uma ferramenta para melhorar o desempenho, precisão e segurança dos procedimentos, mas precisa ser comandado pelo médico, até para a tomada de decisões”, reforça Marcos Cortelazo.
A precisão é a grande vantagem, mas não é a única
Segundo o ortopedista, na artroplastia do joelho, as partes de sustentação do peso do joelho são completamente substituídas por componentes protéticos. “O procedimento tornou-se cada vez mais comum nas últimas décadas para tratar a degeneração do joelho e aliviar a dor e a incapacidade. A maioria das artroplastias ainda são convencionais, o que significa que os cirurgiões as realizam manualmente, julgando quanto osso remover com base em seu treinamento e experiência. Um número crescente dessas cirurgias é realizado usando robôs cirúrgicos que dependem de imagens pré-operatórias ou da descoberta de marcos anatômicos durante a cirurgia para determinar onde cortar”, explica o médico. “O robô filtra os tremores da mão do cirurgião, eliminando-os, o que evita movimentos involuntários e, consequentemente, aumenta a assertividade e a segurança”, afirma o médico. “Essa precisão é submilimétrica, o que também garante que o procedimento seja menos invasivo. Com o auxílio do robô, as incisões são mais exatas e o trauma é menor, o que se traduz em cirurgia mais rápida, menor sangramento e tempo de internação, recuperação mais rápida, pós-operatório mais tranquilo e incisões menores” acrescenta Marcos.
A câmera 3D facilita a operação
O ortopedista explica que as câmeras presentes no braço robótico do equipamento também geram, em tempo real, imagens de alta definição que podem ser aumentadas, assim auxiliando no posicionamento dos instrumentos cirúrgicos e na tomada de decisões pelo cirurgião. “Na ortopedia, as imagens em 3D permitem que o cirurgião planeje melhor os cortes ósseos e o posicionamento da prótese para garantir um encaixe e alinhamento mais preciso, o que tende a ser mais difícil com a técnica tradicional”, destaca o ortopedista, que afirma que esse encaixe mais preciso da prótese no osso melhora o prognóstico da cirurgia e o paciente tem menos chance de sofrer com problemas como dor, rigidez e inchaço da região após o procedimento. “Apesar de ter bons resultados, na técnica tradicional, o encaixe depende unicamente da experiência do cirurgião, o que, em alguns casos, pode resultar em um posicionamento não tão exato, causando alterações no alinhamento da articulação que fazem diferença a longo prazo, especialmente em relação à durabilidade da prótese”, afirma o médico.
Segundo pesquisa publicada no Archives of Orthopaedic and Trauma Surgery, a cirurgia robótica traz melhores resultados do que cirurgias semelhantes realizadas manualmente. Comparando 541.122 pacientes que receberam cirurgias convencionais com 17.249 que receberam cirurgias robóticas entre 2016 e 2019, os pesquisadores descobriram que os pacientes que passaram pela cirurgia robótica tiveram internações hospitalares que foram quase meio dia mais curtas. Eles também eram significativamente menos propensos a ter uma série de complicações, como infecções, perda excessiva de sangue e fraturas, luxações ou complicações mecânicas de suas próteses. No entanto, um entrave apontado pelo estudo é o preço, que é mais alto na cirurgia robótica. “Os custos da artroplastia robótica de joelho tendem a ser maiores em comparação à técnica tradicional, mas a tendência é que se torne cada vez mais utilizada e acessível”, destaca Marcos Cortelazo, que reforça que, apesar do risco de complicações ser menor na cirurgia robótica, tudo depende da experiência e conhecimento do médico, afinal, o robô não faz nada sozinho. “Por isso, é fundamental que você busque um médico especializado, principalmente porque a cirurgia robótica possui uma maior curva de aprendizado. Apenas ele poderá dizer se essa é realmente a melhor opção para o seu caso e prosseguir com o procedimento da maneira adequada”, finaliza Marcos.
