Relógios inteligentes medindo glicemia são perigosos
As gigantes do mundo dos relógios inteligentes, conhecidos como smartwatches, Apple e Samsung, estão procurando dar aos seus produtos a capacidade de medir os níveis de glicose no sangue. Recentemente, no entanto, a Food and Drug Administration (FDA) alertou que não autorizou, aprovou ou liberou o uso de nenhum smartwatch que tenha essa capacidade e pediu às pessoas que evitem comprar ou usar relógios que afirmem medir os níveis de açúcar no sangue.
Atualmente, existem dispositivos de uso médico que medem a glicose no sangue, mas a maioria deles usa um método invasivo, sendo necessário um pequeno furo para coletar uma amostra de sangue e analisá-la. O monitoramento não invasivo da glicose no sangue ainda é um desafio, especialmente com o uso de dispositivos de tamanho pequeno, como os smartwatches.
Em 2020, a Samsung anunciou que havia desenvolvido um método não invasivo para medir a glicose no sangue em parceria com o Massachusetts Institute of Technology (MIT). No entanto, a empresa não disse se esse método poderia ser aplicado com o uso de um smartwatch, embora informações deem conta que a Samsung segue estudando a aplicação da tecnologia em seus relógios inteligentes.
A Apple, por outro lado, também estaria trabalhando no mesmo objetivo, há mais de uma década. Rumores sugerem que a análise não invasiva da glicose no sangue poderia chegar como uma grande novidade para a 10ª geração do Apple Watch, prevista para chegar às lojas ainda este ano.
O alerta da FDA parece referir-se não apenas a essas empresas, mas especialmente a outras, de pequeno porte, que afirmam que seus produtos tem essa capacidade; essas empresas normalmente vendem seus smartwatches diretamente ao consumidor, através de canais como Alibaba, Ebay e outros marketplaces.
“Não compre ou use smartwatches ou anéis inteligentes que afirmam medir os níveis de glicose no sangue”, escreve a FDA, em negrito, em um comunicado oficial.
A capacidade de medir a glicose no sangue por smartwatches será uma grande conquista, pois segundo diz a International Diabetes Federation em seu Diabetes Atlas 2021, 537 milhões de pessoas em todo o mundo tem diabetes; no Brasil, esse número chega a 15,7 milhões. Nesse mesmo ano, 6,7 milhões de pessoas morreram em função da doença, e esses números estão crescendo.
Mas, até que se tenha dispositivos como esses aprovados pela FDA, eles não devem ser usados, por representarem riscos à saúde de seus usuários.
*Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.