Reforma tributária pode impactar preços de mais de 18 mil medicamentos

Os Projetos de Lei e Propostas de Emenda à Constituição sobre a reforma tributária que estão em debate no Congresso Nacional vão incidir entre 12% e 18% no preço de mais de 18 mil medicamentos no Brasil. A carga tributária brasileira no setor já é a maior do mundo, e os textos em discussão não vão aliviar o peso dos tributos, incidindo na produção e repercutindo negativamente no bolso dos consumidores.

A avaliação faz parte do estudo “A reforma tributária e o setor farmacêutico”, da PwC Brasil. O Brasil tem hoje aproximadamente 31,3% de carga (somando ICMS, PIS/COFINS, IPI, Tributos sobre Importação, dentre outros que oneram o consumo). O percentual consta de relatório produzido pelo Sindusfarma, em 2020. A consolidação do PIS/COFINS, ICMS, IPI e ISS, criando o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) faria a carga passar para cerca de 26,9%, mantendo o país na dianteira dos que mais taxam medicamentos no mundo.

A reforma tributária está em debate no Congresso Nacional nos textos dos Projetos de Lei 3.887/2020 e 2.337/2021 (de autoria do Governo Federal) e nas Propostas de Emenda à Constituição 45/2019 e 110/2019 (apresentadas por congressistas). Elas preveem a criação do IBS e da CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), em substituição aos tributos sobre o consumo. A expectativa é de votação da reforma no início do próximo mês.

“As reformas, conforme propostas até o momento, trazem alíquotas sobre consumo lineares e consolidam boa parte dos tributos indiretos em um único tributo, ou dois. Nesse sentido, haveria também o fim de diversas isenções e subvenções, o que impactaria a carga total e o preço dos medicamentos”, afirma Bruno Porto, sócio da PwC Brasil.

As mudanças resultarão em reajuste de 12% para 18% em mais de 18 mil medicamentos, o que tende a aumentar o preço final de remédios utilizados no controle e tratamento de hipertensão, diabetes, câncer e Aids, entre outros. “Ou seja: o setor farmacêutico possivelmente arcaria com um acréscimo da carga tributária correspondente às operações com medicamentos”, explica Porto. “E não se aplica o princípio da seletividade, porque não se considera que são produtos essenciais, dada a natureza dos respectivos produtos.”

Peso em outros países

O estudo da PwC Brasil ressalta que os objetivos da reforma devem ser na direção de um sistema de tributação do consumo simples e racional, que onere de maneira mais significativa os bens considerados não essenciais. Assim, os bens diretamente relacionados à saúde, ao bem-estar e à vida digna do ser humano deveriam ter tratamento tributário distinto, para facilitar o acesso a medicamentos, por exemplo.

Isso significa isenção a medicamentos essenciais à sobrevivência (como os de tratamento de câncer), de alíquota única, de redução de alíquotas para os essenciais (discriminados em regime de lista) e com devolução integral dos valores recolhidos pela parcela mais vulnerável da população (cadastrados nos programas de assistência e transferências de renda).

Conforme o estudo da PwC Brasil, em 30 países europeus, o IVA (Imposto de Valor Agregado) varia entre 15% e 25%, outros 5 têm alíquota de 0% para medicamentos e 21 possuem alíquota reduzida (entre 2,1% e 11%). Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 23 países onde os medicamentos são tributados, as alíquotas apresentam variações de 2,9% a 34%. Nessa base de dados, constam dez países com alíquotas de 0% de IVA ou equivalente para as vendas de medicamentos.

Horas trabalhadas para pagar impostos

O levantamento realizado pela PwC Brasil considera o dado de que, hoje, são necessárias 1.500 horas por ano, em média, para que o contribuinte brasileiro possa cumprir todas as atividades de apuração e recolhimento dos tributos incidentes. Além disso, 885 dessas horas são dedicadas aos chamados tributos indiretos. Em comparação, a média nos países membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 155 horas anuais.

No ranking de facilidade para pagamento de impostos, o Brasil ocupa a 124ª posição em uma lista com 190 países, atrás, por exemplo, de Rússia, Azerbaijão, Peru, Marrocos e Colômbia.

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram um percentual muito baixo da população com acesso a ao menos um dos medicamentos prescritos por autoridades públicas (entre 24,9% e 30,5% dependendo da região). E indicam semelhança na distribuição de despesas com assistência à saúde entre famílias de alta ou baixa renda, com índices de participação situados entre 5,6% e 5,9%, respectivamente.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.