Resistência antimicrobiana: um desafio de gestão e segurança

Por José Branco

A resistência antimicrobiana (RAM) é um dos maiores desafios da saúde moderna e também um dos mais silenciosos. De forma simples, ocorre quando microrganismos como bactérias, fungos e vírus passam a resistir aos medicamentos que antes eram eficazes. O resultado disso é alarmante: infecções mais difíceis de tratar, maior tempo de internação e aumento do risco de complicações graves.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1 em cada 6 infecções bacterianas no mundo já não responde adequadamente aos tratamentos disponíveis. Porém, mais do que um problema clínico, a resistência antimicrobiana é um problema de gestão e segurança do paciente.

Durante muito tempo, acreditou-se que o controle da resistência era responsabilidade exclusiva do médico prescritor. Hoje sabemos que a questão é mais ampla: envolve processos institucionais, cultura organizacional, governança clínica e educação contínua.

O uso inadequado de antibióticos, seja por automedicação ou prescrição excessiva, cria um ambiente favorável para o surgimento e disseminação de microrganismos multirresistentes. Por isso, enfrentar a resistência antimicrobiana exige integração entre assistência, gestão e qualidade.

Cada dose de antibiótico administrada é uma decisão que carrega impacto clínico e estratégico. Implementar programas institucionais de uso racional de antimicrobianos é uma medida essencial para equilibrar eficácia terapêutica, segurança e sustentabilidade do cuidado.

Além disso, a resistência antimicrobiana afeta diretamente indicadores sensíveis de gestão:

  • Tempo médio de permanência hospitalar;
  • Custos com internações prolongadas;
  •  Taxas de reinternação e infecção hospitalar;
  • Desfechos clínicos e satisfação do paciente.

Promover o uso responsável de antimicrobianos é uma forma de fortalecer a cultura de segurança do paciente e otimizar recursos dentro das instituições de saúde.

A partir disso, é possível entender que os protocolos estabelecidos nas instituições não são eficazes se não houver engajamento das equipes assistenciais e da liderança institucional. O combate à resistência depende de corresponsabilidade: médicos, enfermeiros, farmacêuticos, gestores e pacientes precisam compreender seu papel nesse processo.

É fato que educar profissionais, monitorar resultados e manter a vigilância ativa são estratégias que salvam vidas e garantem a sustentabilidade dos sistemas de saúde.

E falar sobre resistência antimicrobiana é falar sobre o futuro da medicina. Pois sem ação coordenada voltamos a um cenário em que infecções simples se tornam ameaças graves. E com gestão eficiente, cultura de segurança e uso racional, podemos preservar a eficácia dos tratamentos e garantir um cuidado mais seguro para todos.

Portanto, a conscientização em relação à resistência aos antimicrobianos nos convida a uma reflexão prática: como cada decisão clínica pode se tornar uma escolha de valor para o paciente e para o sistema de saúde?


*José Branco é Presidente na Sociedade Médica de Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB), faz parte da Direção Executiva do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP), atua como Diretor Técnico do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e é Diretor Médico da CLOUDSAÚDE.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.