Psiquiatras discutem modelos e fluxos para emergências psiquiátricas
A importância das emergências psiquiátricas na melhora dos programas de Saúde Mental foi um dos temas debatidos durante a IV Jornada Nacional de Emergências Psiquiátricas, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), realizada na última segunda-feira (8), em São Paulo. O Conselheiro Rodrigo Lancelote destacou a importância da substituição do modelo hospitalocêntrico para um que envolva uma rede integral de atenção, com equipes multiprofissionais que promovam o convívio com a família e a comunidade.
Ele apresentou os aspectos gerais da estruturação das emergências e fluxos para o atendimento, destacando que é preciso desvincular a questão do viés ideológico que cerca a Psiquiatria. Também enfatizou que a busca de um modelo único nacional de estrutura é inviável, já que é preciso levar em conta questões como segurança, histórico e recursos de cada região do País. Afirmou ainda que é fundamental potencializar toda a estrutura, desde o acolhimento, hierarquizando o atendimento e não só privilegiando a conexão com a internação. “É importante a formação de todos os profissionais das urgências e emergências e não só dos hospitais gerais porque, muitas vezes, essas representam os únicos atendimentos psiquiátricos existentes na cidade”, lembrou.
Para ele, o cuidado em não desvincular a integralidade da saúde começa na recepção do pronto-socorro, com a abertura da ficha de atendimento e passa pela análise das situações de emergência e condições de segurança, como alarmes para que o médico acione em casos que o coloquem em risco. Durante sua palestra, ele comentou que a capacidade para atender à crescente demanda e atendimentos de referência especializados são alguns dos desafios para as emergências psiquiátricas no Brasil.
A mesa-redonda, mediada pelo vice-coordenador da Comissão de Emergência Psiquiátrica da ABP e coordenador do serviço de interconsultas e pronto-socorro do Instituto de Psiquiatria do HC/FMUSP, Teng Chei Tung, ainda contou com palestras o presidente da Associação Psiquiátrica do Piauí, Vicente Gomes, que tratou dos aspectos gerais do atendimento e diagnóstico diferencial, e do psiquiatra Daniel Cruz Cordeiro, que falou sobre a estrutura mínima para um serviço de emergência psiquiátrica.