Novo protagonismo da anestesia na era da precisão e da segurança

Por Patrícia Rodrigues

A anestesiologia atravessa um momento de transformação. Mais do que um suporte técnico à cirurgia, a especialidade vem se consolidando como uma aliada estratégica na segurança do paciente, na personalização do cuidado e na busca por eficiência dentro dos centros cirúrgicos.

Podemos destacar três eixos complementares: a adoção de tecnologias que aumentam o controle e a previsibilidade do ato anestésico, o avanço das estratégias clínicas multimodais, como as abordagens sem opioides, e o investimento crescente na capacitação técnica por meio de simulações realísticas e ensino de precisão.

Combinando avanços tecnológicos, farmacológicos e protocolos multimodais, a prática evolui para um modelo mais seguro, eficiente e sob medida para o paciente.

Anestesia regional, menos dor e alta mais rápida

Entre os recursos que ganham relevância, a anestesia regional se destaca como uma das principais protagonistas da anestesiologia moderna. Independentemente da técnica utilizada, com ou sem auxílio de ultrassonografia, ela oferece uma série de benefícios que a tornam preferencial em diversos contextos clínicos. Por ser menos invasiva que a anestesia geral, contribui para uma recuperação pós-operatória mais rápida, com menor incidência de complicações sistêmicas, além de possibilitar a alta hospitalar em menor tempo em muitas situações.

A visualização direta das estruturas anatômicas, quando guiada por ultrassom, permite bloqueios mais eficazes e seguros. Estudos mostram que essa técnica reduz eventos adversos e aumenta a taxa de sucesso dos bloqueios periféricos em até 30% em comparação com métodos tradicionais.

No entanto, mesmo nos casos em que a técnica não envolve imagem, a anestesia regional já demonstrou reduzir a exposição a opioides, minimizar efeitos colaterais e oferecer analgesia prolongada no pós-operatório, aspectos essenciais para o controle de dor aguda e para a prevenção da dor crônica, uma área em expansão dentro da especialidade.

Essa capacidade de controle da dor com segurança, previsibilidade e personalização torna a anestesia regional um recurso terapêutico também em outros cenários além do intraoperatório. Seu uso no tratamento de dores crônicas e neuropáticas, por exemplo, vem crescendo significativamente, sendo aplicada com bons resultados em ambulatórios de dor e centros especializados, com impacto direto na qualidade de vida de pacientes com condições complexas e de difícil manejo.

Tecnologia, farmacologia e ensino de precisão

Na mesma direção, o uso da anestesia venosa total (TIVA) e da infusão alvo-controlada (TCI) vem ampliando a precisão na administração de fármacos. Com bombas inteligentes e modelos farmacocinéticos, é possível ajustar a dose conforme o perfil individual, reduzindo variações e melhorando a estabilidade intraoperatória. Segundo revisão publicada na Current Anesthesiology Reports, a TIVA está associada a menor incidência de náuseas e vômitos pós-operatórios, além de oferecer maior controle hemodinâmico.

A adoção crescente de protocolos opioid-free também é relevante. Frente aos desafios relacionados à dependência de opioides e seus efeitos colaterais, anestesistas vêm utilizando bloqueios regionais e analgésicos não opioides como alternativas eficazes, principalmente em populações vulneráveis ou cirurgias de grande porte.

A evolução técnica, no entanto, exige atualização contínua. Por isso, práticas como simulações clínicas de alta-fidelidade vêm ganhando espaço na formação e no aperfeiçoamento profissional. Situações complexas, como raquianestesia em gestantes ou bloqueios em pacientes com pulmões comprometidos, exigem domínio técnico e decisões rápidas, habilidades que precisam ser treinadas em ambientes controlados, mas realistas.

Esse novo cenário posiciona a anestesiologia como um campo de vanguarda. Não apenas pela adoção de novas tecnologias, mas pela mudança de mentalidade: o anestesiologista atua como gestor de risco, condutor de segurança e protagonista da experiência cirúrgica.

Em um sistema de saúde que demanda mais valor, mais desfecho e menos complicação, a anestesia de precisão é o caminho, e não há mais como voltar atrás.


*Patrícia Rodrigues é Gerente de Unidade de Negócios – Acessos Vasculares, Sistemas Intravenosos e Anestesia Regional na B.Braun.

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