Projetos do PROADI-SUS inovam a gestão da saúde

Reduzir os índices de lotação em prontos-socorros e otimizar a gestão de processos com foco na segurança do paciente em hospitais públicos e filantrópicos em todo o Brasil, contribuindo para a melhoria dos resultados clínicos, são só alguns dos benefícios do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), por meio de projetos executados por cinco hospitais de referência em qualidade médico-hospitalar.

A superlotação nos serviços de urgência e emergência nos hospitais é um problema estrutural que impacta tanto no atendimento aos pacientes quanto na gestão dos recursos, espaços e insumos existentes. Além disso, existem diversas questões que estão diretamente relacionadas com a qualificação de processos assistenciais, administrativos e gerenciais em hospitais do SUS. Assim, surge a necessidade de soluções que promovam mudanças estruturais na cultura e nos processos dessas instituições.

Em dez anos de existência do PROADI-SUS, 111 projetos de gestão foram realizados, totalizando mais de 313 mil atendimentos aos pacientes e mais de 48 mil profissionais de saúde capacitados. No atual triênio, 27 projetos de gestão estão sendo executados pelos cinco hospitais membros do PROADI-SUS: Hospital Alemão Oswaldo Cruz, HCor, Hospital Israelita Albert Einstein, Hospital Moinhos de Vento e Hospital Sírio-Libanês.

Lean nas Emergências: promovendo uma mudança de cultura no SUS

O Lean é uma das metodologias de gestão mais utilizadas no mundo e prioriza a otimização do tempo, recursos, espaços e insumos, além da redução de desperdícios. Dessa forma, o Lean nas Emergências também fortalece a cultura das instituições por meio dos processos que otimizam o dia a dia intra-hospitalar. Para aplicação desse projeto, a equipe do Hospital Sírio-Libanês conta com uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, enfermeiros e especialistas na metodologia.

O gestor da iniciativa, Marco Saavedra Bravo, explica o funcionamento da metodologia. “Utilizamos ferramentas de gestão como o próprio Lean, além de protocolo de capacidade plena, daily huddle (reuniões de 10 minutos), estratégias de fluxo, entre outras, por meio das quais conseguimos mensurar o andamento do projeto e obter o resultado esperado que é reduzir a superlotação nos prontos-socorros do país. Além disso, durante a execução, alguns indicadores de gestão são implementados, como o NEDOCS, que mede a superlotação a partir de parâmetros como número de leitos, volume de pacientes e tempo de passagem pela urgência até a alta”, detalha.

Os resultados até o momento são expressivos: foram 59 hospitais impactados nos três ciclos de projeto, que acontecem a cada seis meses. O Hospital Clementino Moura, conhecido como Socorrão II, de São Luís (MA), enfrentava desafios comuns na realidade de muitos hospitais do SUS, com superlotação em seu pronto-socorro, grandes filas, pacientes nos corredores e dificuldade de internação. Com a participação no ciclo 2, a instituição alcançou uma redução de 74% no indicador de superlotação, além de uma queda de 22% no tempo médio de permanência, que está em média em 7,82 dias. Esses avanços também foram responsáveis por um aumento de 6% no atendimento diário do pronto-socorro.

A Superintendente de Responsabilidade Social do Hospital Sírio-Libanês, Vânia Bezerra, destaca a importância do comprometimento dos profissionais dos hospitais beneficiados para o sucesso da iniciativa, que deve ser implementada em um total de 100 hospitais até o final de 2020 e 200 hospitais na Comunidade Lean nas Emergências (https://www.leannasemergencias.com.br/). “O engajamento dos gestores e profissionais de saúde dos hospitais do SUS onde o Lean está presente é a chave para que os resultados sejam alcançados. É um trabalho em conjunto” ressalta Vânia.

Reestruturação de Hospitais Públicos: foco na segurança do paciente

Já o projeto Reestruturação de Hospitais Públicos (RHP), do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, é focado na otimização da gestão em hospitais do SUS, visando a qualidade e segurança do paciente. Quem explica é Michael Medeiros Coelho, gestor do RHP. “O RHP avalia e intervém em processos assistenciais, administrativos e gerenciais de hospitais públicos e filantrópicos, que são essenciais para que os pacientes sejam atendidos com qualidade e eficiência. Temos avaliação e monitoramento contínuos dos processos, podendo ser considerado o único no âmbito do SUS com essa abrangência” afirma.

Ainda de acordo com Michael, outras iniciativas envolvem apoio na implantação de ações focadas na segurança do paciente, suporte na redução de custos e gerenciamento consciente de recursos humanos e materiais. “Essas ações reduzem os riscos aos pacientes, familiares e colaboradores”, explica.

Esse projeto já foi implementado em 56 hospitais do SUS de todo o Brasil nos últimos dez anos, onde foram capacitados mais de 5.914 profissionais, com uma média de evolução na implantação de processos de melhorias e qualidade de 22% por instituição.

A Superintendente de Responsabilidade Social do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Ana Paula Pinho, destaca também o caráter inovador desse projeto. “O escopo do RHP contempla a criação da Ferramenta de Avaliação de Hospitais (FAHosp), que permite o monitoramento dos indicadores, promovendo um apoio estratégico ao Ministério da Saúde” destaca a executiva.

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