Procure um especialista! A responsabilidade da comunicação

Por João Consorte

Ao longo da minha carreira na comunicação de saúde sempre foi comum receber pedidos sobre informações de medicamentos e tratamentos dos mais diversos tipos de doenças. “João, esse remédio serve para isso?”; “João, tal hospital é bom para tratar tal coisa?”; “João, estou com o sintoma tal, será que estou com a doença X?”. Na medida do possível, respondia o que podia, até para tirar a pessoa de um estado de grande ansiedade, mas a recomendação sempre é: “Procure um especialista”. No entanto, já há algum tempo que as perguntas mais comuns se tornaram fundamentalmente ligadas à tecnologia. “João, você sabe se o aparelho tal funciona mesmo para o tratamento da doença Y?”; João, você tem confiança no uso da inteligência artificial para o diagnóstico de doenças?”; “João, essa coisa de operação remota é segura de fato?”. E por aí vai.

Ouvindo esses questionamentos de forma muito frequente, me dei conta do quanto a tecnologia passou a fazer parte das dúvidas das pessoas quando se trata de saúde. Por isso, empresas, marcas, profissionais, mídia e todos os demais que compõem o ecossistema desse segmento precisam estar muito atentos e terem muita responsabilidade sobre o que comunicam a sua audiência. As possibilidades no campo tecnológico tornaram-se muito amplas. Equipamentos, sistemas, modelos de inteligência artificial e tantas outras coisas têm tornado diagnósticos e tratamentos muito mais eficientes.

Quem diria que um dia poderíamos tratar algo tão complexo como a dor através da energia luminosa, que chamamos de fototerapia ?! Sim, isso já existe e é algo real e muito efetivo. Através de uma simples aplicação que pode durar no máximo 18 minutos, a Bright Photomedicine desenvolveu exatamente essa tecnologia capaz de entregar a dose exata de energia no interior da célula para que ela possa fazer o trabalho necessário para resolver, por exemplo, um processo infamatório (dores crônicas). Dados apontam mais de 19 mil aplicações do tratamento, com mais de 1,7 mil pacientes atendidos, que permitiram a melhora ou estabilidade da dor em 82% por meio destes atendimentos.

Se falamos de inteligência artificial, contamos com ferramentas usadas de chatbots, para atendimento primário ao paciente, até o uso de IA generativa para ajuda no diagnóstico de casos de alta complexidade.

Nada em saúde pode ser visto e aplicado de forma individual. Um exemplo disso é o debate sobre a necessidade constante de estudos multidisciplinares e do intercâmbio contínuo de conhecimento entre os profissionais. É preciso entendimento sobre como qualquer nova peça impacta direta ou indiretamente nesse ecossistema. Da mesma maneira que não podemos sair por aí dizendo: “Toma esse antibiótico aqui ou passa aquela pomada ali”, temos de ter atenção quando nos submetemos ou sugerimos tratamentos por meio de tecnologias que ouvimos.

Enquanto isso, quando ouço a velha frase “João, me ajuda com…?”, o meu procedimento continua sendo o mesmo: “Procure um especialista!”.


*João Consorte é presidente do IPG Health no Brasil.

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