Medicina de precisão: diagnóstico precoce para o câncer de mama
Por Gilberto Amorim
Apesar de acometerem a mesma parte do corpo, cada câncer de mama é único – e cada paciente também. E é por isso que a medicina de precisão, abordagem científica baseada na personalização do diagnóstico e do tratamento de doenças, vem avançando tanto na oncologia, considerando as características genéticas, ambientais e de estilo de vida das pessoas para oferecer o manejo mais adequado e individualizado a suas enfermidades.
Olhando especificamente para os tumores de mama que, depois do câncer de pele, são o tipo mais comum de câncer e os que mais causam mortes nas mulheres, a medicina de precisão tem se destacado em dois aspectos: diagnóstico e terapêutico. Sobre o primeiro, a abordagem permite que os médicos façam uma avaliação genética aprofundada do paciente, identificando possíveis mutações e características moleculares relacionadas à doença. Já no tratamento, os avanços se dão na busca por novos alvos terapêuticos e na melhora dos resultados do tratamento de pacientes com a doença em fase avançada – duas soluções significativas, que podem impactar na sobrevida e qualidade de vida dos pacientes, em um cenário no qual estima-se que 70% dos diagnósticos do câncer de mama sejam feitos em fases mais avançadas da doença.
E, para irmos ainda mais longe nessa jornada, pesquisadores de todo o mundo investigam como a tecnologia pode contribuir para diagnósticos e tratamentos cada vez mais certeiros.
Entre os estudos, vemos ênfase para o compartilhamento de dados em tempo real, que pode ampliar a propagação de conhecimento científico entre a comunidade médica, e para os Dados de Vida Real, que podem coletar informações de pacientes, auxiliando na investigação detalhada de novas terapias.
Ambos os tópicos ainda têm limitações em relação à forma de coleta, manejo e armazenamento de dados, de forma que tenhamos consistência e veracidade nas informações, ao mesmo tempo em que garantimos a proteção e privacidade dos pacientes. Mas, apesar dos desafios, é certo que a medicina de precisão já é parte de uma grande revolução na oncologia e, em especial, para as mulheres, que são o principal grupo acometido pelo câncer de mama.
Com novas tecnologias, abordagens e conhecimentos, surgem novas alternativas de tratamento, mais eficazes e com menos efeitos colaterais, que trazem a perspectiva de pacientes com mais poder de escolha e, consequentemente, mais saúde física e emocional e mais qualidade de vida. Afinal de contas, o câncer não é e não pode ser visto como um impeditivo para a realização de sonhos ou das atividades cotidianas.
A atualização médica sobre o assunto se faz urgente, da mesma forma que o acesso e a propagação de informações confiáveis para que os pacientes compreendam todas as alternativas disponíveis para a detecção e o tratamento da doença que enfrentam. Para isso, confiamos na aliança entre agentes da saúde e da ciência, públicos e privados, por um futuro mais preciso e certeiro no combate ao câncer de mama.
*Gilberto Amorim é oncologista da Oncologia D’Or e membro titular da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, da American Society of Clinical Oncology e da European Society of Medical Oncology.