Primeira polipílula brasileira para reduzir pressão arterial e colesterol ajuda a prevenir AVC

Pela primeira vez no Brasil, uma polipílula, medicamento que reúne três substâncias em uma única formulação, foi desenvolvida com foco na prevenção, tratando a hipertensão e o colesterol, dois dos principais fatores de risco para o Acidente Vascular Cerebral (AVC). Em pacientes com risco baixo a moderado de desenvolver a doença, grupo que representa cerca de 80% dos casos de AVC, a estratégia apresentou resultados promissores na redução da pressão arterial e do colesterol. Os dados fazem parte do estudo PROMOTE, conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento em parceria com o Ministério da Saúde (MS), por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS).

Coordenado pela médica neurologista Sheila Martins, do Hospital Moinhos de Vento, o estudo testou uma combinação de dois medicamentos para controle da pressão arterial e uma estatina, usada para reduzir o colesterol. A proposta da polipílula é tornar o tratamento mais simples e prático, facilitando a adesão dos pacientes e atuando, de forma preventiva, em dois fatores de risco ao mesmo tempo, além de antecipar os cuidados com a saúde cerebral e cardiovascular.

Durante o estudo, os pacientes que utilizaram a polipílula apresentaram uma redução média de 13 milímetros de mercúrio (mmHg) na pressão arterial sistólica (máxima) e de 6 mmHg na diastólica (mínima). Entre os desfechos principais, destaca-se ainda a meta de redução de 2,5 mmHg na PAS e uma melhora no escore “Life’s Simple 7”, método utilizado para avaliar a saúde cardiovascular, ao longo de um período de nove meses.

Segundo a coordenadora do estudo, a redução já representa uma diminuição de até 10% no risco de AVC a cada 2 mmHg de queda na pressão arterial. “A expectativa é que, a longo prazo, a medicação também possa reduzir o risco de demência e de outras complicações, como infarto do miocárdio e morte cardiovascular”, afirma a especialista.

Ainda de acordo com Sheila, o objetivo da polipílula é facilitar o tratamento preventivo e ampliar a proteção a um público maior, incluindo pessoas que ainda não apresentam um risco elevado, mas que têm pressão arterial acima de 120/80 mmHg, nível em que o risco de AVC e infarto começa a crescer de forma progressiva. Diferentemente das terapias atuais, geralmente indicadas apenas para pacientes com pressão arterial a partir de 140/90 mmHg, a polipílula proposta neste estudo busca antecipar o tratamento, ampliando a prevenção para um público maior.

Riscômetro de AVC: Além da polipílula, os participantes do estudo utilizaram o aplicativo Riscômetro de AVC, desenvolvido como ferramenta complementar para identificar os riscos mais comuns e tratamentos. O app ajudou 82,4% dos participantes a reconhecerem seus fatores de risco, e 71,1% relataram mudanças positivas nos hábitos de vida a partir das orientações fornecidas.

“O grupo que apresentou a maior redução da pressão arterial foi aquele que utilizou a polipílula em combinação com o Riscômetro. O aplicativo funciona como um aliado do paciente e da equipe de saúde, estimulando o autocuidado e o acompanhamento contínuo. Ele orienta o paciente a identificar fatores de risco comuns e, caso o resultado preocupe, o recomendado é procurar um médico para avaliação mais aprofundada”, destaca Sheila.

Com os resultados promissores da fase piloto, a pesquisa segue para a próxima etapa, que prevê o acompanhamento de mais de 8 mil participantes em todo o Brasil ao longo de três anos. Essa fase vai avaliar o impacto da intervenção não apenas na saúde cardiovascular, mas também na função cognitiva dos pacientes, e pretende definir se esta população de baixo e médio risco deve ser tratada com medicação ou apenas com mudança de estilo de vida. Além da pesquisa, o projeto também está contribuindo para a reorganização do cuidado cardiovascular nas unidades de saúde, com a implementação de programa de identificação de fatores de risco e tratamento dos pacientes que já apresentam indicação clínica. Até o momento, mais de 2.000 profissionais de 133 unidades da capital foram capacitados. A expectativa é que a expansão para todo o país contribua na redução do número de AVC e infarto no Brasil.

Dados sobre o AVC: O Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo. A doença ocorre quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido, provocando danos neurológicos que podem deixar sequelas permanentes ou levar ao óbito. Segundo a Organização Mundial do AVC – World Stroke Organization (WSO), em inglês –, o número de mortes pela doença pode aumentar em até 50% nas próximas décadas, alcançando 10 milhões de casos anuais até 2050. A estimativa aponta que o total de vítimas deve passar de 6,6 milhões, em 2020, para 9,7 milhões em 2050.

O cenário é preocupante, especialmente diante do aumento da expectativa de vida da população e da maior exposição a fatores de risco. Entre os principais desafios estão o envelhecimento, o sedentarismo, a má alimentação, o consumo excessivo de álcool e tabaco, além do elevado número de casos de hipertensão arterial não diagnosticada ou não controlada, o principal fator de risco para o AVC. Embora o atendimento rápido nos hospitais seja essencial para tratamento, Sheila destaca que 90% dos casos de AVC podem ser prevenidos com o controle dos fatores de risco, como pressão alta, colesterol elevado, diabetes e hábitos de vida inadequados.

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