Pesquisa revela cenário de desconhecimento sobre dermatite atópica

Uma pesquisa sobre dermatite atópica, envolvendo 2.327 internautas, de diferentes regiões do país, aponta que 60% dos respondentes têm informações equivocadas ou insuficientes sobre a enfermidade: enquanto 36% a definem como uma alergia simples, 24% nada sabem a respeito. Realizado pelo instituto Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec), a pedido da Pfizer, o levantamento O que os brasileiros sabem sobre dermatite atópica contempla internautas brasileiros a partir de 18 anos e tem abrangência nacional, considerando respostas colhidas nas regiões Norte/Centro-Oeste, Nordeste, Sudeste e Sul. No geral, 41% nunca ouviram falar sobre a doença, mas essa porcentagem sobe para 50% entre os homens e chega a 56% entre jovens 18 e 24 anos. Além disso, 20% dos participantes não sabem identificar nenhum sintoma da enfermidade.

Apenas 10% dos internautas que participaram da pesquisa reconhecem que os pacientes podem ter insônia por causa da coceira intensa e poucos identificam a possibilidade de que enfrentem dor (14%). Esse desconhecimento também leva a uma percepção equivocada sobre o impacto da doença para a qualidade de vida: quase 1 em cada 5 respondentes (19%) não está convencido de que a dermatite atópica pode atrapalhar atividades de rotina, como ir à escola ou trabalhar. No entanto, após conhecerem melhor a doença, 59% relataram que ficariam muito abalados se tivessem de conviver com os sintomas.

Preconceito 

“Muitas vezes, a desinformação sobre a dermatite atópica alimenta o preconceito, acarretando prejuízos emocionais aos pacientes”, diz a diretora médica da Pfizer Brasil, Adriana Ribeiro. De fato, entre os respondentes da nova pesquisa, mais de 1 a cada 5 (21%) não sabe dizer, por exemplo, se a doença é contagiosa. E, mesmo quando informados sobre a impossibilidade de contágio na dermatite atópica, muitos evitariam a proximidade com alguém que tivesse lesões aparentes: 23% dos participantes do Centro-Oeste e 19% no Sul alegam que teriam medo de manter contato com esse paciente.

As possíveis causas da dermatite atópica também são fonte de dúvida. Menos da metade da população participante (46%) está convencida de que a enfermidade é hereditária: 28% não sabem opinar a esse respeito e 26% acreditam, erroneamente, que a doença não pode ser transmitida dos pais para os filhos. “Trata-se, na realidade, de uma doença multifatorial, que envolve aspectos genéticos, ambientais e imunológicos”, afirma a dermatologista Rosana Lazzarini, da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Os elementos que favorecem a manifestação da dermatite atópica não estão totalmente claros para muitos entrevistados. Apenas 31% reconhecem a baixa umidade do ar como uma agravante, porcentagem que cai para 26% na amostra da região Sul, inclusive em Porto Alegre. Além disso, alguns grupos ignoram a interferência do estresse e da ansiedade na doença: menos da metade dos participantes de 18 a 24 anos (45%) indicam esses fatores como aspectos que podem desencadear ou agravar sintomas.

Doença além da pele

Até 72% das pessoas com dermatite atópica moderada a grave apresentam outras comorbidades associadas ao processo inflamatório, tais como asma ou rinite alérgica, segundo a literatura médica. Contudo, durante a pesquisa realizada pelo Ipec, 71% dos internautas respondentes demonstraram desconhecer essa relação: 31% deles disseram que a doença não está ligada a outras enfermidades e 40% da amostra não soube opinar.

“É importante saber que a dermatite atópica é mais do que uma erupção cutânea. Estamos falando de uma inflamação que pode e deve ser controlada, tanto para melhorar a qualidade de vida do paciente como para evitar complicações. As lesões também tornam a pele mais suscetível a infecções bacterianas secundárias, por exemplo”, comenta Rosana, reforçando a importância da busca por orientação médica para avaliar sintomas suspeitos.

Tratamento

“Os tratamentos incluem aconselhamento acerca de cuidados apropriados com a pele, como a aplicação de produtos tópicos indicados pelo médico, além do uso de medicações, quando necessário, que serão prescritas de acordo com cada caso: há opções de uso tópico, bem como medicamentos orais ou injetáveis”, diz a dermatologista.

De acordo com a médica, a partir do avanço no tratamento da dermatite atópica, o paciente dispõe de opções cada vez mais modernas e cômodas para melhorar sua qualidade de vida. “Nosso foco está em restaurar a barreira da pele, aliviando os sintomas, minimizando o número de exacerbações da doença e reduzindo seu grau e duração”, explica Rosana.

Com o seguimento médico, o paciente também receberá orientação adequada para evitar os gatilhos que agravam a doença, como banhos quentes e demorados. Contudo, quase 1 a cada 5 participantes da pesquisa conduzida pelo Ipec (19%) não consegue identificar nenhuma medida de controle. Entre os homens essa proporção sobe para quase 1 a cada 4 (24%).

Apenas pouco mais da metade dos internautas respondentes (55%) reconhece que o uso de medicamentos e pomadas específicas para quem tem dermatite atópica é uma forma eficaz de controlar a doença. Além disso, a minoria (35%) identifica a importância da mudança de hábitos, como tomar banhos mornos e rápidos ou optar por roupas de tecido natural.

Apoio e informação

Na avaliação da diretora médica da Pfizer Brasil, os dados da nova pesquisa refletem a necessidade de um amplo trabalho educativo junto à população sobre a dermatite atópica. “Quando trabalhamos a conscientização sobre os sintomas, podemos contribuir para o diagnóstico precoce. Em outra frente, quando desfazemos mitos e mostramos que a doença não é contagiosa, por exemplo, ajudamos a criar um ambiente social mais empático para esses pacientes, com menos preconceito”, comenta Adriana.

A disseminação de informações sobre dermatite atópica, pela imprensa ou por canais digitais confiáveis, é vista por 78% dos respondentes da pesquisa como uma medida muito importante para melhorar o entendimento da população sobre a enfermidade. Além disso, 70% dos internautas acreditam muito que o trabalho de entidades de apoio auxilia os pacientes a lidarem com possíveis situações de preconceito.

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