Estrutura de pesquisa sobre a dengue e outras endemias está sucateada

Enquanto os casos de dengue crescem de forma alarmante, no Estado de São Paulo a estrutura dedicada à pesquisa científica, na área de controle de endemias, está sucateada. Segundo a Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC), a situação se agravou após a extinção da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), em 2020.

Equipamentos essenciais para o trabalho dos pesquisadores, como microscópios e pipetas – usadas para dosar insumos e amostras, estão sem manutenção, entre outros. O mesmo acontece com os freezers que guardam amostras a -70ºC.

“O sucateamento da pesquisa científica no Estado de São Paulo vem de longa data, mas no caso da Sucen houve um agravamento após a extinção do órgão, que tinha papel fundamental para produzir conhecimento científico para o enfrentamento da dengue e de muitas outras doenças graves”, afirma Helena Dutra Lutgens, presidente da APqC.

A Sucen contava com 14 laboratórios, sendo dois na Capital Paulista e outros 12 em unidades regionais, que produziam conhecimento e ajudavam a identificar e controlar doenças endêmicas.

“Apesar de a dengue ser uma doença com a qual lidamos desde o final da década de 1980, sem a pesquisa pública não é possível identificar mudanças no comportamento do vírus, o que compromete o controle eficiente de vetores”, afirma Lutgens.

Segundo a associação, os profissionais que atuam na área de endemias já percebem, por meio de observação empírica, que as larvas da dengue têm eclodido com a metade do tempo.

“Sem investimento em ciência, não é possível afirmar porque essas larvas estão eclodindo com três dias e não mais com sete, por exemplo, ou como podemos evitar a eclosão precoce. O mais grave é que sem o acompanhamento dos pesquisadores, as possíveis mutações em curso podem passar despercebidas, impedindo ou dificultando a ação preventiva do Estado, que joga fora a oportunidade de se antecipar e agir com prevenção”.

Desde a extinção da Sucen, os laboratórios e cerca de 900 servidores foram deslocados para diferentes repartições, sendo que os pesquisadores foram remanejados para o Instituto Pasteur. No ano passado, a APqC denunciou que esta mudança estava afetando a realização de pesquisas. Como o Pasteur é uma divisão dentro do Estado, ficou impedido legalmente de receber esta estrutura.

“Com isso, os laboratórios deixaram de estar vinculados a uma instituição, ficando impedidos de comprar insumos, por exemplo, ou qualquer outra atividade de manutenção dos prédios, incluindo contratação de seguranças ou profissionais de limpeza “, explica Lutgens.

Em março do ano passado, a APqC entregou à Secretaria Estadual da Saúde uma proposta de reestruturação do Instituto Pasteur, com o objetivo de permitir que ele receba a Sucen e todos os programas e funcionários, mas ainda não houve deliberação sobre o tema. A associação também acionou o Ministério Público (MP-SP), que chegou a enviar questionamentos ao Estado.

Atualmente, os Institutos Públicos ligados à Saúde têm mais de dois mil cargos vagos, entre pesquisadores científicos e carreiras de apoio. O último concurso foi realizado há dez anos e os salários apresentam perdas de 46% no poder de compra, quando considerado o período entre 2013 e 2023, segundo o Dieese.

“Seja no controle de doenças ou na busca por inovações, os 16 Institutos Públicos de Pesquisa do Estado de São Paulo, nas áreas de saúde, meio ambiente e agricultura, sempre foram instrumento de suporte ao crescimento econômico do Estado. Sem eles, a população fica à mercê de interesses particulares, o Estado perde competitividade e a autonomia das pesquisas, o que nos deixa vulneráveis e exposto a todos tipos de riscos, inclusive das diversas endemias”, finaliza Lutgens.

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