O papel das startups na adoção de soluções digitais na prática clínica
Por Bruno Trindade
Temos falado bastante no papel da tecnologia e das ações para auxiliar profissionais e instituições de saúde no Brasil. A cada dia, novas ideias e novas ferramentas surgem, através de startups e healthtechs, complementando funções ou solucionando demandas que há tempos não eram resolvidas.
Prova disso é que de acordo com pesquisa da Liga Ventures em parceria com a PwC Brasil, o número de healthtechs no Brasil cresceu cerca de 16% entre 2019 e 2022, muito impulsionadas pela pandemia da Covid-19, é verdade.
Atualmente, segundo o Healthtech Report da Distrito, as startups que oferecem soluções focadas na otimização da gestão de clínicas, hospitais e laboratórios representam 28,44% das empresas de tecnologia dedicadas à saúde.
Mas além do crescimento por si só do número de empresas do ramo, também crescem as ofertas de soluções e de mais ferramentas para a prática clínica, somando o fator da variedade à inovação.
Hoje as startups de redes de clínicas, por exemplo, representam 3,72% do quadro geral das healthtechs, sendo 2,01% voltadas para clínicas especializadas e 1,71% para clínicas populares, segundo o mesmo report da Distrito.
Se hoje temos um cenário de transformação digital, há tempos não era assim. E ainda bem que tudo avançou. Atualmente, o médico/consultório pode ter à disposição diversas ferramentas que otimizem a gestão financeira, compilem as demandas burocráticas e ainda preservem o histórico do paciente.
O que antes era ficha em papel, hoje se transforma em um cenário mais completo, acessível e continuado, com a informação do paciente transitando através do digital e até da nuvem, estando disponível na palma da mão do médico.
Isso sem falarmos dos aplicativos de monitoramento de saúde, que trazem o paciente mais engajado com gadgets que medem batimentos cardíacos, que contam com oxímetros e reúnem dados que constroem um cenário ainda mais amplo para quem analisa.
Essas ferramentas chegam para somar à prática clínica, assim como a telemedicina aproximou pacientes e profissionais durante a pandemia e após.
É necessário, inclusive, fomentar ainda mais esse cenário para que as ofertas de healthtechs e a exploração de mais campos da medicina. Os negócios de nicho têm crescido, e mantendo a função e o objetivo, quanto mais especializado melhor.
Temos visto os esforços de empresas e parceiros na conexão e incentivo a essas startups, para que o ecossistema seja ainda mais sólido e ao mesmo tempo inovador, e esse caminho ainda deverá seguir nos próximos anos.
Por mais que ainda existam receios com o quanto os apps, softwares e chats generativos podem ocupar as tarefas humanas, o verdadeiro caminho da tecnologia está no auxílio nas tarefas mais burocráticas, deixando o profissional à vontade pra o que mais importa: o atendimento e o foco no paciente.
*Bruno Trindade é Diretor Executivo da Healthcare Alliance.