O papel do cooperativismo no desenvolvimento das cidades
Por Vladimir Borin
Em meio aos desafios sociais, econômicos e ambientais enfrentados pelas cidades brasileiras, as cooperativas têm se mostrado aliadas estratégicas para um desenvolvimento mais sustentável, democrático e inclusivo. 2025 é o Ano Internacional das Cooperativas, conforme declarado pela ONU. O objetivo é reconhecer o papel das cooperativas e destacar seu impacto positivo no enfrentamento de desafios globais. O tema do ano é “Cooperativas constroem um mundo melhor”, enfatizando como o modelo cooperativo oferece soluções para diversos problemas globais e contribui para a implementação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
O Ano Internacional do Cooperativismo é uma oportunidade para refletirmos sobre o papel fundamental dessas organizações na construção de cidades mais resilientes e humanas. Diferente das empresas tradicionais, cooperativas são organizações baseadas na autogestão, na solidariedade e na distribuição justa de resultados. Elas funcionam com base em princípios como adesão voluntária, participação econômica dos membros e preocupação com a comunidade. São valores que dialogam diretamente com as necessidades reais das cidades e de suas populações.
Nas áreas urbanas, as cooperativas atuam de forma decisiva em setores estratégicos como saúde, crédito, habitação, alimentação, energia e trabalho. Em regiões onde o poder público não alcança com eficiência, é comum que cooperativas apareçam como alternativa para garantir acesso a serviços básicos, fomentar empregos e dinamizar a economia local. Um exemplo são as cooperativas de crédito, que oferecem financiamento acessível a pequenos empreendedores, fortalecendo o comércio de bairro e a geração de renda.
Além do impacto econômico, há também um ganho social inestimável: o fortalecimento dos laços comunitários e da cidadania ativa. Ao participar de uma cooperativa, o cidadão deixa de ser mero consumidor e passa a exercer seu papel como agente de transformação, com voz, voto e responsabilidade sobre os rumos da sua organização e, por consequência, da sua cidade.
É importante destacar que o modelo cooperativista também responde a demandas urgentes da atualidade, como o combate às desigualdades e a preservação ambiental. Cooperativas voltadas à reciclagem, agroecologia, energia limpa e economia circular têm se multiplicado, mostrando que é possível conciliar desenvolvimento com consciência ambiental e justiça social.
Por isso, o Ano Internacional das Cooperativas deve ser mais do que uma data comemorativa. Deve ser um convite à sociedade, ao poder público e à iniciativa privada para reconhecer e apoiar essas iniciativas que, silenciosamente, constroem cidades melhores. Investir em cooperativas é investir em pessoas, em autonomia e em um modelo de desenvolvimento que não deixa ninguém para trás.
*Vladimir Borin é presidente da Uniodonto Campinas.