Medicina S/A: A tecnologia tem sido uma grande aliada na gestão de clínicas e hospitais. Em sua opinião, os resultados da pesquisa mostram evolução nesta área? As instituições devem ampliar o uso destas ferramentas em 2021?
Cadu Lopes: Profissionais, hospitais e clínicas estão tendo que adaptar suas operações para atender às expectativas de um paciente mais exigente, bem informado e, portanto, empoderado. Esse novo perfil de paciente leva a um modelo de tomada de decisão compartilhada, no qual o paciente é tão ativo em seus cuidados de saúde quanto o médico.
E se antes da pandemia a tecnologia já vinha aperfeiçoando a experiência do paciente, a necessidade de distanciamento social acelerou ainda mais toda essa transformação. Agora, a digitalização não é mais uma questão de se destacar no mercado, mas sim de sobrevivência.
A pesquisa Panorama das Clínicas e Hospitais 2021, organizada por Doctoralia e TuoTempo, mostrou que o mercado está investindo – ou pretende investir no próximo ano – em ferramentas que agilizam o contato, oferecem autonomia e aproximam as pessoas do profissional ou instituição de saúde. Por mais que possa parecer contraditório, a tecnologia é uma grande aliada na humanização de processos.
Medicina S/A: Os dados mostram que ainda há falta de integração entre as ferramentas digitais. Quais os principais ganhos com a integração/interoperabilidade destas tecnologias?
Cadu Lopes: O Grupo DocPlanner (detentor da Doctoralia e do TuoTempo) não tem a pretensão de ser a única solução para todos os problemas da saúde, mas nos dedicamos incansavelmente para cumprir nossa missão, que é tornar a experiência em saúde cada vez mais humana. Isso inclui a conexão com parceiros que pensam da mesma forma que nós e podem complementar nossos produtos.
Além de um entregar um software inovador ou ferramentas tecnológicas, podemos, juntos, promover benefícios realmente relevantes para o paciente, que é o eixo central do movimento tecnológico na saúde.
Com essa integração, doutores, gestores e secretárias de centros médicos conseguem centralizar todas as informações sobre pacientes, consultas, faturamento, ações de marketing e pontos de comunicação em uma única plataforma. Isso é muito precioso para garantir a experiência mais positiva possível e até mesmo evitar falhas assistenciais. Ou seja, todos ganham.
Medicina S/A: Um dado preocupante é o tamanho do impacto da pandemia nos centros médicos. 84% relataram queda no movimento. Como soluções de marketing, CRM, entre outras podem ajudar na recuperação financeira destas instituições?
Cadu Lopes: Especialistas e centros médicos são fontes confiáveis de informação, um recurso valiosíssimo em tempos de crise sanitária e proliferação de fake news. Ferramentas de envio massivo de comunicação para públicos segmentados permitem educar, informar e orientar o paciente por meio de mensagens personalizadas de acordo com a idade, sexo, data da última consulta, etc.
Além disso, o distanciamento social requer que os profissionais criem um relacionamento virtual ainda mais próximo com os pacientes para que se sintam acolhidos, especiais. Uma simples mensagem de aniversário ou a possibilidade de esclarecer dúvidas via chat fazem toda a diferença.
Medicina S/A: Com a pandemia, a “Jornada Digital do Paciente” também avançou? De que maneira isso ficou mais evidente?
Cadu Lopes: Sim, a pandemia favoreceu e refinou o olhar para a jornada do paciente. Devido ao isolamento social, tivemos que pensar em alternativas para que cada passo dessa jornada pudesse ser realizado à distância, sem perder a qualidade.
Conforme nossa pesquisa apresentou, a fidelização dos pacientes é um dos principais objetivos dos centros médicos para 2021, sendo mencionada por quase 30% dos entrevistados. Para atingir essa meta, é preciso aproximar a relação entre o profissional de saúde e o paciente, oferecer um atendimento mais humanizado e garantir a segurança, tudo isso de maneira fácil e prática.
Medicina S/A: Em termos de utilização, o agendamento e a confirmação de consultas ainda são os serviços mais utilizados. Houve também um crescimento em soluções de telemedicina. Pensando no próximo ano, quais ferramentas devem estar na pauta de gestores de clínicas e hospitais?
Cadu Lopes: Nenhuma ferramenta deve ser analisada separadamente. Digitalizar apenas o agendamento, a consulta, o prontuário ou qualquer outra etapa da jornada já não é mais suficiente. É preciso reavaliar todo o percurso do paciente para identificar os pontos de melhoria de cada instituição.
A telemedicina certamente será um poderoso complemento das consultas presenciais. Assim como já acontece em vários setores, os atendimentos médicos seguirão um modelo híbrido, onde o físico e o digital coexistirão para atender à demanda do paciente. Nesse sentido, softwares completos como o da Doctoralia e o TuoTempo ajudarão as clínicas e consultórios a adotarem uma série de ferramentas integradas a fim de criar uma experiência digital completa.
Medicina S/A: Pensando especificamente na telemedicina, a pesquisa mostrou que mais de 70% das instituições já disponibilizam atendimento neste formato. Quais os principais desafios a curto e médio prazos? Qual “lição de casa” precisa ser feita para que essa evolução não estacione?
Cadu Lopes: A Telemedicina veio para ficar! Quase nove meses depois de implantada, a aderência comprova a eficácia dessa ferramenta que já era estudada e esperada pelo sistema e profissionais de saúde brasileiros há alguns anos.
Na Doctoralia, já são mais de 500 mil teleconsultas realizadas desde a liberação e 15 mil profissionais de saúde atendendo via plataforma nessa modalidade.
Nosso serviço de telemedicina garante a proteção dos dados pessoais, pois segue o padrão americano de criptografia avançada AES e está de acordo com a General Data Protection Regulation – GDPR, a Lei Geral de Proteção de Dados europeia, e a Health Insurance Portability and Accountability Act – HIPAA, a Lei de Portabilidade e Responsabilidade de Seguros de Saúde.
Mesmo assim, a pesquisa mostrou que mais de 50% do mercado ainda utiliza plataformas de vídeo tradicionais gratuitas, o que coloca em risco a segurança de dados, a privacidade do paciente, a produtividade do profissional, entre diversos outros fatores. Tendo esse dado em mente, acredito que a “lição de casa” seja investir em tecnologias desenvolvidas especificamente para o segmento da saúde e que sejam conectadas, possibilitando uma experiência positiva não apenas para o paciente, mas também para o especialista.