Médicos não recebem orientação adequada sobre nutrição nas universidades
Os estudantes de medicina de universidades do mundo todo não estão recebendo a educação necessária para orientar seus pacientes sobre como deve ser uma alimentação saudável. Foi o que revelou um estudo recém publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA).
A Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN) manifesta a sua preocupação com esta recente constatação. Para o médico nutrólogo e presidente da ABRAN, Durval Ribas Filho, a formação deficiente destes profissionais representa um perigo para a população em geral. “Na ABRAN nossos esforços são focados em contribuir com a formação profissional de qualidade e reverter esse panorama para que o médico, em qualquer especialidade, dentro do seu contexto de formação científica possa direta ou indiretamente, através da anamnese, promover um tratamento integral aos seus pacientes. Portanto a Nutrologia busca não somente fazer o diagnóstico, mas também a prevenção, profilaxia e o tratamento das doenças nutroneurometabolicas”, ressalta.
Hoje, a Nutrologia é reconhecida como a especialidade médica que estuda, pesquisa e avalia os benefícios e malefícios causados pela ingestão dos nutrientes, realiza o acompanhamento do estado nutricional do paciente e a avaliação da fisiopatologia das doenças diretamente relacionadas aos nutrientes.
“O ensino de Nutrologia na clínica médica é uma das nossas propostas para se combater doenças crônicas degenerativas e melhorar a saúde da população brasileira como um todo. Sabemos que diversas doenças podem ser evitadas através de uma alimentação balanceada e prevenir é sempre melhor do que remediar”, ressalta.
Uma dieta adequada, indicada e acompanhada de perto por um médico, é capaz de impedir mais de uma em cada cinco mortes no mundo a cada ano. Entretanto, conforme sugere o artigo do JAMA, estes estudantes não possuem o treinamento necessário para oferecer esse tipo de atendimento.
Além disso, segundo o especialista, muitos pacientes também têm procurado os médicos nutrólogos e nutricionistas não só em busca de perder peso, mas em ter mais saúde. “Por isso, os profissionais dessa área precisam estar bem informados, ter conhecimento do assunto para conduzir os pacientes da melhor maneira possível. As universidades precisam, urgentemente, ter um compromisso institucional para fornecer educação nutricional de qualidade a estes alunos”, afirma.
Embora nenhum estudo anterior tenha mensurado de forma objetiva se os estudantes de medicina eram competentes nos cuidados relativos à nutrição, a pesquisa realizada com esses futuros médicos apontou que os profissionais avaliavam que tanto o treinamento, quanto a formação na área que recebiam eram insuficientes. Os principais pontos críticos elencados são: pouca relevância dada à educação nutricional; ausência de rigor científico no currículo e falta de professores especialistas no assunto. Também relataram que testemunharam pouco ou nenhum aconselhamento nutricional na prática clínica enquanto acompanhavam os médicos.
Os estudos mostraram de forma consistente, que:
- Em todo o mundo, os estudantes de medicina geralmente não recebem treinamento nutricional adequado.
- A falta de educação nutricional afeta seus conhecimentos e habilidades – e a sua confiança para prestar cuidados nutricionais na rotina da prática clínica.
- As iniciativas de incluir os estudos de nutrição no currículo que existem atualmente podem ter um benefício modesto no conhecimento adequado sobre a área. Isso causa impacto negativo nos alunos, no que se refere à confiança e competência no aconselhamento dietético. No entanto, nenhum estudo analisou os resultados em longo prazo.