Preços de órteses, próteses e materiais especiais sobem 1,7% em 2023
O Índice de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (I-OPME) registrou uma valorização acumulada de 1,70% no ano recém-encerrado, revertendo a queda de 1,57% registrada em 2022. Em relação aos demais índices de referência, a variação média dos preços superou o comportamento médio dos preços da economia brasileira, tal como apurado pelo IGP-M/FGV (-3,18%), o comportamento dos preços dos medicamentos para hospitais, medido pelo IPM-H (-7,08%); e a variação da taxa média de câmbio, conforme dados disponibilizados pelo Banco Central (-6,58%). Por outro lado, a variação do I-OPME se manteve abaixo da inflação ao consumidor no ano, dada pelo IPCA/IBGE (+4,62%).
Desenvolvido em parceria pela Fipe e pela Bionexo, o Índice OPME monitora os preços de produtos transacionados entre fornecedores e hospitais na plataforma Opmenexo, responsável por mais de 3 mil cotações diárias de preços para mais de 45 mil itens do segmento.
A alta anual nos preços de órteses, próteses e materiais especiais abrangeu a maioria das especialidades incluídas na cesta do índice. Mais especificamente, as variações foram as seguintes: sistema musculoesquelético e articulações (+4,46%); cabeça e pescoço (+2,54%); sistema nervoso central e periférico (+1,67%); sistema cardiocirculatório (+1,22%); sistema urinário (+0,93%); sistema genital e reprodutor (-0,69%); e sistema digestivo e anexos (-2,47%).
De acordo com Bruno Oliva, economista e pesquisador de Fipe: “Os resultados finais de 2023 de revelaram uma divergência entre o comportamento dos preços de OPMEs e o de outros índices que acompanhamos, como o IGP-M, o IPM-H e a taxa de câmbio. Na comparação com o IPM-H, em particular, os medicamentos ficaram 7,08% mais baratos no ano, enquanto órteses, próteses e materiais especiais ficaram 1,70% mais caros, em média. Assim, é possível que essa valorização dos OPMEs esteja relacionada a fatores específicos do seu mercado, como o aumento da demanda por procedimentos e cirurgias eletivas no sistema de saúde. Em todo caso, é importante ressaltar que tanto o I-OPME quanto o IPM-H acompanham a variação média dos preços e não os custos dos hospitais, que dependem também de outras variáveis, como o número procedimentos e a incorporação de novos materiais e tecnologias. Assim, mesmo quando há queda nos preços desses produtos, os custos dos hospitais podem se elevar, e vice-versa. ”
Em relação ao seu comportamento mensal mais recente, o Índice OPME registrou uma discreta elevação de 0,04% em dezembro de 2023, após recuar 0,26% em novembro. Comparativamente, a variação do índice foi inferior ao comportamento dos preços, tanto sob a ótica do IPCA/IBGE (+0,56%) quanto do IGP-M/FGV (+0,74%). Por outro lado, o resultado do Índice OPME superou as variações da taxa média de câmbio (-0,02%) e dos preços dos medicamentos para hospitais, conforme mostra o IPM-H (-0,14%).
Individualmente, as variações de preço por especialidade foram: sistema nervoso central e periférico (+0,55%); sistema urinário (+0,34%); sistema musculoesquelético e articulações (+0,18%); sistema cardiocirculatório (+0,11%); cabeça e pescoço (-0,06%); sistema digestivo e anexos (-0,85%); e sistema genital e reprodutor (-1,07%).
Desde o início de sua série histórica, considerando o intervalo entre janeiro de 2017 e dezembro de 2023, o Índice OPME registra um leve recuo de 0,30% nos preços de próteses, órteses e materiais especiais. A relativa estabilidade pode ser explicada pela queda nos preços de produtos relacionados às especialidades: sistema cardiocirculatório (-10,49%); sistema genital e reprodutor (-2,86%); sistema urinário (-1,60%); e sistema digestivo e anexos (-1,20%). Esses resultados negativos se contrapõem à valorização dos produtos classificados nas especialidades: cabeça e pescoço (+19,97%); sistema musculoesquelético e articulações (+7,80%) e sistema nervoso central e periférico (+2,82%).
Por dentro do índice
O Índice de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (índice OPME) é o primeiro indicador dedicado a analisar o comportamento de preços de produtos e materiais transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro e é resultado da parceria entre Fipe e Bionexo.
A cada mês e para cada material, calcula-se um índice que indique a variação de seu preço em relação ao mês de referência, levando em consideração variáveis que podem ser relevantes para determinar o preço, entre elas: (1) quantidade de itens requisitados no mercado; (2) discriminador de produto (dado que uma única família pode ser composta por múltiplos produtos); (3) localização do hospital e do fornecedor; (4) convênio; e (5) procedimento de urgência.
Os produtos são agrupados em oito especialidades e ponderados de acordo com uma cesta de valor total transacionado na plataforma Opmenexo. O Índice OPME consolida o comportamento dos índices dos preços de cada especialidade.
Apesar de estar correlacionado a outros indicadores, o Índice OPME não mensura ou influencia o comportamento de preços de produtos e materiais no varejo. Ele não reflete diretamente em mudanças ou substituições tecnológicas, nem tem relação direta com os custos de hospitais e planos de saúde. Os dados apontam tendências de preços para negociações entre fornecedores e instituições hospitalares.