Estudo aponta redução de até 75% de cirurgias em nódulos de tireoide
O diagnóstico de malignidade ou de benignidade em nódulos de tireoide é uma questão desafiadora no meio médico. Apesar da maioria dos nódulos serem benignos ao diagnóstico, cerca de 25% dos casos são classificados como “indeterminados”, ou seja, não é possível que o médico defina se o paciente tem um câncer ou não, após o exame da punção aspirativa (PAAF). Nestes casos indeterminados, muitas vezes o paciente é submetido a uma cirurgia diagnóstica, onde a glândula tireoide é retirada por completo e o diagnóstico então possível. Dentre as cirurgias de nódulos indeterminados, quase 80% destes nódulos se revelam benignos, demonstrando que essas cirurgias são potencialmente desnecessárias. Só no Brasil, são cerca de 40 mil cirurgias desnecessárias de tireoide todos os anos.
Um estudo publicado na revista The LANCET Discovery Science (capítulo eBioMedicine – Fator de Impacto 11.2), revelou que o exame mir-THYpe®, desenvolvido pelo biólogo Marcos Santos, PhD em Genética Humana e Biologia Molecular e fundador da startup brasileira, Onkos, e sua equipe, vem impactando pacientes e auxiliando médicos no diagnóstico e na conduta de nódulos de tireoide indeterminados (classificados como Bethesda III e IV). Mais de 400 pacientes de todas as regiões do Brasil realizaram o exame em rotina clínica no mundo real e foram acompanhados por até 2 anos. O estudo observou uma redução de mais de 50% de todas as cirurgias que seriam realizadas caso o exame não tivesse sido feito e uma redução de até 75% nos casos de cirurgias potencialmente desnecessárias, ou seja, de nódulos benignos.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo, a SBEM, cerca de 60% dos brasileiros irão identificar, em algum momento da vida, um nódulo na tireoide. Este estudo observou que o resultado do exame mir-THYpe® influenciou, mais de 92% das decisões médicas sobre a realização ou não da cirurgia, reforçando o desafio na conduta destes pacientes sem o uso de testes moleculares.
“Pacientes com nódulos de tireoide indeterminados estão em uma situação muito complicada, pois não sabem se tem ou não um câncer. A cirurgia de tireoide é curativa na grande maioria dos casos, mas deve ser realizada somente nos pacientes que precisam, que são os casos com risco de malignidade muito alto. O gasto público e privado com cirurgias diagnósticas, que poderiam ser evitadas, é enorme e o uso de testes moleculares é custo-efetivo”, afirma Marcos Santos, cientista chefe e fundador da Onkos. “Este estudo mostra que o uso no mundo real promove uma brutal redução de cirurgias e isso é custo-efetivo tanto para o sistema de saúde privado, via operadoras e planos, quanto para o público, via SUS. A cirurgia e o paciente crônico são muito mais caros que o exame e nos EUA, não se faz mais cirurgia de tireoide sem um teste molecular” completa.