Oxigenoterapia hiperbárica a serviço da recuperação de tecidos

Por Bianca Oliveira

A oxigenoterapia hiperbárica (OHB) é uma modalidade terapêutica consolidada, cientificamente validada e regulamentada no Brasil, sendo reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e incluída no rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o que a torna de cobertura obrigatória por todos os planos de saúde. Longe de ser experimental ou restrita a nichos da medicina, trata-se de uma abordagem clínica já estabelecida e comprovada com resultados documentados na literatura médica.

A técnica consiste na inalação de oxigênio puro a 100% dentro de uma câmara hiperbárica, em que a pressão atmosférica é elevada até três vezes em relação ao normal. Esse ambiente pressurizado permite que o oxigênio seja dissolvido em concentrações significativamente maiores no plasma sanguíneo, chegando com maior eficácia aos tecidos lesionados. O resultado é a aceleração da cicatrização, a redução de inflamações, o estímulo à formação de novos vasos sanguíneos e a melhora da resposta imunológica frente a infecções.

No contexto clínico, a OHB tem sido uma aliada fundamental no tratamento de úlceras diabéticas, escaras, queimaduras graves, feridas de difícil cicatrização, lesões traumáticas complexas e complicações em enxertos e retalhos cirúrgicos. Também apresenta resultados expressivos em infecções graves como fasceíte necrosante e osteomielite refratária, frequentemente determinando a diferença entre a preservação e a amputação de membros acometidos.

Além dessas indicações mais conhecidas, a oxigenoterapia hiperbárica também tem eficácia comprovada em lesões causadas por radioterapia, como a osteorradionecrose mandibular, e em infecções odontogênicas graves que não respondem ao tratamento convencional. É utilizada como estratégia de suporte em cirurgias plásticas e reconstrutivas, especialmente quando há risco de necrose tecidual no pós-operatório. Casos de surdez ou cegueira súbitas de origem vascular, embolia gasosa, intoxicação por monóxido de carbono e sequelas de esmagamentos e síndrome compartimental também estão entre os quadros que podem se beneficiar da terapia.

Mesmo com esse reconhecimento e com a obrigatoriedade de cobertura pelos convênios, o acesso à terapia ainda enfrenta entraves relevantes no Brasil. A principal barreira não está na regulamentação, mas sim na limitação do número de centros especializados, na concentração geográfica das câmaras hiperbáricas e na carência de formação adequada entre os profissionais que poderiam indicar a terapia com mais frequência e assertividade. Isso leva à subutilização da OHB mesmo em casos com clara indicação clínica.

A estrutura necessária para sua aplicação exige investimento em equipamentos e equipe treinada, o que torna sua implementação mais complexa. No entanto, é importante compreender que o custo da OHB é muitas vezes compensado — e superado — pelos ganhos clínicos e econômicos: redução do tempo de internação, menor uso de antibióticos, prevenção de complicações graves e diminuição da necessidade de cirurgias mutilantes. Mais do que isso, o tratamento com oxigênio hiperbárico oferece aos pacientes uma oportunidade real de recuperação funcional, alívio do sofrimento e preservação da qualidade de vida.


*Bianca Oliveira é médica especialista em tratamento de feridas crônicas, CEO e fundadora da Cicatriclin.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.