Hospitais privados ainda sofrem com consequências financeiras da pandemia
A Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) publicou o Observatório 2022 que apresenta dados inéditos do setor hospitalar. Dentre os indicadores e análises apresentados, os tópicos do anuário foram divididos em perfil clínico e epidemiológico, desempenho assistencial, desempenho institucional e hospitais não associados. Em cada tema, os dados são comparados com os de períodos anteriores, possibilitando, assim, que sejam feitas novas conclusões sobre o setor.
No que diz respeito à pandemia, foi mostrado que as taxas de letalidade de Covid-19 do primeiro bimestre de 2022 (10,52%) foram melhores em comparação ao mesmo período de 2021 (13,47%). Observou-se também que, após um ano de redução nas internações, as saídas hospitalares voltaram a crescer em 2021. Além disso, houve uma queda nas internações e mudança no mix de internações ao compararmos o primeiro trimestre de 2020 com o mesmo período em 2021, pois houve um aumento de 7,90 p.p. nas internações relacionadas a doenças infecciosas — onde está classificado a Covid-19, e uma queda de 3,7 p.p. das internações relacionadas às doenças crônicas dos aparelhos digestivo e circulatório, e às doenças do sistema osteomuscular.
Ainda sobre a pandemia, a publicação permite a percepção de que, com a vacina, as saídas hospitalares de Covid-19 com alta devido a óbito diminuíram em 2021, principalmente no grupo de pessoas com 60 anos ou mais. “Basicamente o que estamos vendo, principalmente nos países desenvolvidos ou de renda média alta, onde o Brasil se inclui, é justamente um momento em que, mesmo que tenhamos alguns picos de casos por conta de algumas variantes, ainda temos um número de casos graves ou de óbitos muito menor do que era visto antes do início da vacinação. Temos hoje uma maior estabilidade”, explica André Medici.
Já nos indicadores de desempenho financeiro das instituições, ao compararmos dados de 2021 e 2022, foi mostrado que houve um aumento de 1,65 p.p. no valor das contas glosadas sobre a receita líquida dos hospitais, um aumento de 1,50 p.p. na taxa de absenteísmo, ainda bastante superiores aos valores encontrados em anos anteriores à pandemia. Na avaliação de Ary Ribeiro, “esse resultado possivelmente tem como causa mais relevante o afastamento dos profissionais de saúde que contraíram a Covid-19”.
A margem EBITDA passou de 8,04% (o pior resultado dos últimos 5 anos) em 2020 para 11,72% em 2021. Na avaliação da Anahp, apesar da leve recuperação, os hospitais ainda sofrem com as consequências financeiras da pandemia. “A performance de 2020, que foi completamente fora da curva de crescimento, com certeza fará com que os hospitais ainda levem algum tempo para recuperar índices pré-pandemia”, prevê Ribeiro.
No que diz respeito aos planos de saúde, ainda que o cenário inflacionário (aumento do IPCA de 10,06%) tenha prejudicado a renda da população em 2021, houve um aumento de 1,51 milhão de beneficiários ao compararmos com 2020, chegando assim em um total de 49 milhões. “Esse aumento no número de beneficiários faz com que o patamar de 2021 se iguale ao de 2015, entretanto esse valor ainda não é o maior dos últimos anos, cabendo este lugar ao ano de 2014, com 50 milhões de beneficiários. Além disso, um dos motivos para esse crescimento mais recente se dá pelo aumento do mercado formal de trabalho também neste mesmo ano”, complementa Ary Ribeiro.
Por fim, os dados e análises apresentadas permitiram a conclusão de que foram gerados 176,95 mil novos empregos formais no setor de saúde, dos quais 55,03 mil correspondem ao preenchimento de vagas em atividades de atendimento hospitalar. Em 2021, foi feito um ajuste no saldo de 2020, que foi de 91,61 mil vagas geradas no referido setor, com 67,37 mil delas em atividades de atendimento hospitalar. Estima-se que os hospitais mantiveram cerca de 1,93 milhão de vínculos de empregos formais em 2021.
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