Novembro azul: por que o desafio atual é ir além da próstata

Por Claudio Ferrari e Gilmara Espino

O Novembro Azul é um dos movimentos de saúde pública mais importantes do calendário. Nascido há mais de 20 anos na Austrália, a campanha iniciada com foco no diagnóstico precoce do câncer de próstata se espalhou globalmente. Esta conscientização é fundamental, tendo em vista que, no mundo todo, a expectativa de vida dos homens é, em média, seis anos menor do que a das mulheres.

Porém, o sucesso do “Mês Azul” depende agora de sua capacidade de alcançar a população masculina com uma mensagem de saúde mais abrangente, personalizada e alinhada com as diretrizes científicas oficiais.

O movimento deve abranger apenas sobre a próstata. Ao longo dos anos, o rastreamento populacional do câncer de próstata foi bastante questionado. A dificuldade em comprovar que sua indicação generalizada determinaria a redução da mortalidade fez com que os exames passassem a ser indicados segundo o perfil do paciente.

Paralelamente, ficou evidente que a atitude negligente dos homens com a própria saúde continua impedindo que diversas doenças sejam prevenidas e diagnosticadas precocemente, o que resulta em complicações muitas vezes fatais. Neste cenário, o Novembro Azul passou a abordar a Saúde do Homem como um todo, o que inclui, a atenção com o câncer de próstata.

O grande desafio atual é como a campanha vem sendo comunicada. Não estamos falando contra a comunicação que conscientiza. Pelo contrário: o movimento em prol da saúde do homem é essencial. Mas precisa ter sua mensagem ajustada.

Um levantamento realizado em 2025 pela GPeS, agência focada em comunicação de saúde, sobre postagens digitais durante o mês de novembro, constatou que a comunicação com o público ainda não condiz, em sua grande maioria, com as diretrizes do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e o Ministério da Saúde.

Em 1,1 mil buscas por variações de palavras-chave associadas ao termo “novembro azul”, quase a totalidade combinavam o termo com câncer de próstata. Assim o “Novembro Azul” é associado ao câncer de próstata, em vez de um “tema-saúde do homem” contínuo e abrangente.

O Ministério da Saúde e o INCA não recomendam o rastreamento populacional para o câncer de próstata. Essa posição, reafirmada em nota técnica de outubro de 2023, foi adotada porque os exames para rastrear a doença em homens assintomáticos têm o potencial de trazer mais danos do que benefícios, devido ao sobrediagnóstico e sobretratamento, que podem levar à disfunção erétil e à incontinência urinária, sem a confirmação de que estenderia o tempo de vida da população.

O rastreamento estaria reservado para indivíduos com risco aumentado, com histórico de familiares que tiveram doença em idades mais precoces. Para o INCA e o ministério, a investigação em homens com sinais e sintomas da doença deve ser realizada o mais rapidamente possível em busca de um diagnóstico.

Para homens assintomáticos que desejam realizar os exames, a orientação é a tomada de decisão compartilhada com o médico sobre riscos e benefícios.

A verdadeira importância das campanhas de saúde masculina está em abordar as causas de mortalidade que afetam os homens, como as doenças cardiovasculares e respiratórias e os cânceres em diversos órgãos, em especial no pulmão, trato gastrointestinal e próstata. São problemas que podem ser evitados com medidas de prevenção primária e secundária (diagnóstico precoce).

Para isso, o caminho é a reconexão: tornar o Novembro Azul em um catalisador para a saúde contínua, fazendo com que todos os dias sejam azuis. Vale lembrar que as medidas básicas para a prevenção da principais causas de mortes são idênticas: dieta, não tabagismo, exercício e controle de peso.

É preciso incentivar os homens a firmarem uma relação de parceria e confiança com seu médico ou médica e juntos identificarem os fatores de risco e as medidas preventivas para as diferentes doenças.

A campanha Novembro Azul, que já está estabelecida nas mídias e no ambiente digital, é a oportunidade ideal de alerta para os riscos à saúde do homem de forma ampla e promoção das transformações de comportamento necessárias à manutenção da saúde.


*Claudio Ferrari é oncologista clínico e diretor de comunicação do Instituto D’Or de Pesquisa e Educação. Gilmara Espino é professora do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino e presidente da GPeS Comunicamos Saúde.

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