Novas técnicas oferecem esperança a pacientes em tratamento de AVC

O acidente vascular cerebral (AVC) afeta 15 milhões de pessoas ao redor do mundo todos os anos. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, estima-se que uma em cada quatro pessoas com mais de 35 anos sofrerá um AVC, popularmente conhecido como derrame, em algum momento da vida. Cerca de um terço dessas pessoas poderá vir a óbito e, pelo menos, metade delas ficará com alguma incapacidade permanente ou crônica em consequência da doença.

Diante desse problema, pesquisadores continuam estudando maneiras de ajudar pacientes tanto no momento do AVC quanto em tratamentos para a recuperação das funções que possam ter sido prejudicadas. Chris C. Fox, neurocirurgião na Mayo Clinic em Jacksonville, Flórida explica que algumas novas técnicas podem oferecer boas alternativas para os pacientes.”Isso inclui cirurgias que podem abrir uma artéria carótida estreitada no pescoço ou tratar um aneurisma, ou outra malformação vascular no cérebro antes que ele tenha a chance de se romper.” diz Fox.

Cirurgias menos invasivas

Chris Fox

Existem dois tipos principais de AVCs. O AVC isquêmico ocorre quando o fluxo sanguíneo em uma artéria cerebral é bloqueado, causando lesões na parte do cérebro afetada devido à falta de oxigênio e nutrientes. O AVC hemorrágico, por outro lado, ocorre quando há sangramento no cérebro devido ao rompimento de um vaso sanguíneo, como um aneurisma ou uma malformação arteriovenosa, afetando significativamente a função cerebral.

No AVC isquêmico, o tempo é crucial para evitar danos permanentes; quanto mais tempo a área do cérebro fica sem fluxo sanguíneo, maior o risco de lesão irreversível. Para tratar esse tipo de AVC, a neurocirurgia atualmente pode utilizar cateteres para aspirar o coágulo e restaurar o fluxo sanguíneo. “Certamente, a maior inovação na última década foi o desenvolvimento de cateteres especiais que permitem a remoção de coágulos do cérebro, responsáveis por causar AVCs. Essa tecnologia mudou significativamente o cenário do tratamento de AVCs”, diz Fox.

Embora nem todos os AVCs possam ser tratados cirurgicamente, há também métodos menos invasivos que permitem acessar os vasos sanguíneos através da artéria femoral na virilha ou da artéria radial no punho. Esses métodos permitem alcançar o cérebro e remover coágulos de forma eficaz e com menos riscos.

Para pacientes com AVC hemorrágico, também houve inovações nesta área, especialmente no tratamento de aneurismas. Muitas dessas técnicas também são minimamente invasivas, o que reduz a necessidade de cirurgias tradicionais, como a craniotomia. “Utilizamos endo cateteres para tratar aneurismas de maneira muito menos invasiva do que antes, frequentemente através da artéria radial no punho, com cateteres e extensões desenvolvidos especificamente para tratamentos neurovasculares.”

Estimulação cerebral profunda

A estimulação cerebral profunda envolve a implantação de eletrodos em áreas do cérebro. Os eletrodos produzem impulsos que afetam a atividade cerebral. A pessoa recebe um dispositivo semelhante a um marca-passo sob a pele, na parte superior do tórax, que controla a quantidade de estimulação. Os impulsos também afetam células e substâncias químicas no cérebro que causam patologias médicas.

A estimulação cerebral profunda é utilizada para tratar várias doenças, incluindo a doença de Parkinson e a epilepsia. A estimulação cerebral profunda não está atualmente disponível como um tratamento convencional para pessoas que tiveram AVCs, mas a pesquisa está em andamento para se tornar uma boa alternativa no futuro, diz Fox.

Interfaces cérebro-computador

Essas tecnologias, que podem ser colocadas no topo do cérebro ou dentro de um vaso sanguíneo próximo ao cérebro, permitem que uma pessoa que perdeu a função em uma parte do corpo a recupere utilizando sua atividade cerebral para controlar dispositivos externos. Por exemplo, quando a atividade cerebral de uma pessoa imagina o movimento, a tecnologia converte esses sinais em comandos que controlam dispositivos como os braços robóticos, por exemplo.

“A ideia é que quando você pensa em algo, pode receber estímulo no membro ou em outra função mecânica”, explica o médico. “As interfaces cérebro-computador são de ponta e super atuais. Elas chegarão futuramente, mas ainda não estão disponíveis.”

As pessoas também podem fazer mudanças no estilo de vida para diminuir o risco de ter um AVC. Isso inclui fazer exercício físico suficiente, ter uma dieta saudável, manter a pressão arterial sob controle, controlar a diabetes (se você tiver essa condição) e não fumar. Existem também certos fatores de riscos genéticos ou hereditários e, se houver um forte histórico familiar de acidente vascular cerebral ou de doença cardíaca, os pacientes devem falar com seus médicos sobre isso. Há um número crescente de exames de sangue disponíveis que podem ser realizados para identificar riscos para as doenças neurovasculares e cardiovasculares com o objetivo de prevenir problemas antes que eles ocorram. “A maioria das pessoas sabe como as mudanças no estilo de vida podem proteger o coração, e tudo o que é bom para o coração também é bom para o cérebro”, afirma Fox.

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