Mulheres já representam 57,4% entre os médicos mais jovens
Em 2020, o Brasil já terá ultrapassado a marca de meio milhão de médicos, com uma população profissional cada vez mais numerosa, jovem e feminina. A perspectiva, traçada pelo estudo Demografia Médica no Brasil 2018, ganha destaque no Dia Internacional da Mulher (8 de março). Na data, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulga vídeo institucional para homenagear as médicas: “a importância das mulheres para a medicina é cada vez maior”, aponta o vídeo.
A ascensão da mulher na medicina é um fenômeno notório que tende a se intensificar. Estudo feito pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) com apoio institucional do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do CRM de São Paulo (Cremesp), o Demografia Médica aponta que a diferença entre o número de homens e mulheres na medicina vem caindo a cada ano, gerando a chamada “feminização” da atividade no País.
“A presença feminina no mercado de trabalho médico e o impulsionamento da ascensão da mulher às funções de liderança na medicina são recentes e se devem à inserção da mulher no ensino superior, na academia médica”, avalia Dilza Ribeiro, conselheira federal pelo estado do Acre – onde o Conselho Regional de Medicina (CRM-AC) é presidido por uma mulher: Leuda Maria Davalos.
Em 2017, os homens representavam 54,4% do total de 414.831 profissionais em atividade, enquanto as mulheres representavam 45,6%. Entre os médicos mais jovens, as mulheres já são maioria: representam 57,4% no grupo de até 29 anos e 53,7% na faixa entre 30 e 34 anos.
“A mudança é recente se observarmos a série histórica. A partir dos anos 1980, as mulheres passaram a representar mais de 30% da população médica”, pontua Rosylane Rocha, representante do Distrito Federal no CFM. “Se considerarmos o registro anual de novos médicos, em 2009 a participação feminina superou as entradas masculinas (50,4% versus 49,6%) e, daí em diante, as mulheres são maioria em todos os anos”, destaca.
Para Dilza Ribeiro, “a ética do cuidado, relacional e afetiva com os pacientes ainda é considerada um atributo tipicamente feminino. Isso é um desafio para a categoria, e há a necessidade de se rever os princípios dos vínculos entre médico e paciente, da humanização da saúde, redirecionando as atuais políticas públicas”, avalia a conselheira.
No sistema conselhal, a atuação das mulheres tem sido crescente e marcante no País, inclusive na presidência de CRMs em estados como Acre, Bahia, Mato Grosso, Minas Gerais, Piauí e Roraima. A conselheira federal Maria das Graças Salgado representa o estado com maior percentual de mulheres no colegiado, o Amapá. “Ao todo, são 18 mulheres nesses cargos, representando 50% dos membros efetivos, 40% dos suplentes e 63% dos cargos diretivos”, destaca.
Para Maria das Graças, esse é um fato que deve ser enaltecido. “A participação da mulher é um fenômeno a ser celebrado, pois já desempenhamos múltiplos papeis e é uma conquista valorosa alcançar postos de liderança representativos. O importante é otimizar o tempo e saber que a nossa presença deve ser a mais qualificada possível”, conclui a conselheira.