Nova fundação global pretende transformar sistemas de saúde na América Latina
Os sistemas de saúde pública ao redor do mundo enfrentam pressões muito semelhantes. Entre mais visíveis, estão o aumento e o envelhecimento da população, duas variáveis que levam também ao crescimento das doenças crônicas e, consequentemente, dos custos com saúde. De acordo com uma pesquisa realizada pela CAF, a população com mais de 65 anos na América Latina pode dobrar em 30 anos, trazendo desafios para a área da saúde. Um relatório do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) alerta que as tendências de gastos com saúde estão em uma trajetória ascendente. A ausência de bons sistemas de informação poderá acarretar, portanto, em custos mais elevados. A desigualdade no acesso é preocupante e, além disto, a prestação de cuidados de saúde de qualidade continua inacessível para milhares.
Diante desse cenário, uma parceria entre o professor de Sistemas Globais de Saúde da Universidade de Harvard, Rifat Atun; o Instituto de Estudos Futuros de Copenhague (CIFS); Microsoft, Roche e Siemens Healthineers, criou a Movement Health Foundation (Fundação Movimento Saúde) durante a 76ª Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, Suíça.
O objetivo da Fundação é transformar os sistemas de saúde por meio da colaboração entre governos, empresários, provedores de cuidados de saúde e pacientes, a fim de fornecer acesso a cuidados médicos de qualidade para todas as pessoas, tanto no presente quanto no futuro.
Com a oficialização da Fundação, o Movimento Saúde contará com nomes importantes, que possuem vasta experiência para alcançar o objetivo de transformar os sistemas de saúde da América Latina e do mundo, tornando-os mais sustentáveis e eficientes.
“O desafio de abordar os principais problemas de saúde do mundo não pode ser resolvido por uma única empresa ou organização, mas em harmonia, é possível alinhar as ideias e a experiência dos principais parceiros transversais do setor”, afirma o professor Atun, que faz parte da fundação desde o seu lançamento como iniciativa piloto na América Latina em 2019, e hoje preside o conselho.
“A capacidade de aproveitar o poder da tecnologia digital e da inteligência artificial será de extrema importância para garantir a sustentabilidade dos sistemas de saúde, acelerando a prestação de assistência médica globalmente mais equitativa entre pacientes, profissionais e sistemas. Estamos orgulhosos de fazer parte da Movement Health como cofundadores. Vemos a Fundação como um catalisador para que essa transformação agregue valor aos pacientes e à sociedade”, declara Tom McGuinness, vice-presidente Corporativo de Saúde Global e Ciências da Vida da Microsoft, empresa que aproveitará o poder da tecnologia para identificar e impulsionar soluções inovadoras que abordem as necessidades identificadas pela Fundação.
“Como líderes na indústria de cuidados de saúde e parceiros cofundadores da Fundação Movimento Saúde, estamos motivados por esta oportunidade de impactar populações desassistidas, combinando o poder de nossas capacidades únicas e nosso compromisso com a construção de sistemas de cuidados de saúde mais sustentáveis em todo o mundo”, diz Tisha Boatman, vice-presidente Sênior de Acesso Global aos Cuidados de Saúde da Siemens Healthineers, que também é membro do Conselho do Movimento Saúde. “Compartilhamos a crença de que a saúde é um direito humano fundamental e que todos devem ter a oportunidade de se beneficiar das inovações em saúde, como a melhoria dos diagnósticos para a detecção precoce de doenças”, finaliza.
Rolf Hönger, vice-presidente do Conselho de Administração da Fundação, chefe de Área da LatAm na Roche Pharma, e membro do Movimento Saúde desde a sua criação, afirmou: “Quando lançamos o Movimento na América Latina, não prevíamos que uma pandemia colocaria nossos sistemas de saúde sob uma pressão ainda maior, mas sabíamos uma coisa: precisávamos fortalecê-los para o futuro da humanidade. Esses eventos não apenas reafirmaram nosso compromisso em facilitar o acesso equitativo à saúde, mas também fortaleceram a Fundação”.
Graças a esses esforços, a Fundação já pode apresentar sucessos notáveis em países como o Chile, onde conseguiu reduzir em 30% o tempo de tratamento efetivo para pacientes com câncer de pulmão, e o Peru, país onde aconteceu uma melhoria significativa nos indicadores-chave de desempenho, especialmente para o desenvolvimento infantil precoce e a produtividade da força de trabalho em saúde, ambos sem a necessidade de aumento dos gastos orçamentários.
No Peru, por exemplo, mais de 500 mil mães de recém-nascidos passaram a ter 20% mais disponibilidade de consultas médicas. Além disto, quatro mil crianças têm seu calendário de vacinação em dia, e 600 recém-nascidos podem receber atendimento médico para prevenir a anemia. Esse sucesso levou o Movimento Saúde a expandir-se para outras regiões, como África, Europa e Oriente Médio.
“Acreditamos que o futuro não pertence a ninguém, mas sim a todos. É por isso que desejamos aproveitar nosso conhecimento global, a fim de contribuir com o objetivo da criação de sistemas de saúde sustentáveis, integrados e preparados para o futuro em todo o mundo”, disse Bogi Eliasen, diretor de Saúde do CIFS e membro do Conselho da Fundação. Ele também concorda que “a igualdade de acesso a cuidados de saúde de qualidade é essencial para que todos possam viver melhor e mais saudáveis, e deve ser uma prioridade para qualquer sistema de saúde sustentável”.