Pandemia: Estudo mostra aumento de mortes por doenças cardiovasculares
Estudo do Grupo de Pesquisa em Fisiologia Aplicada & Nutrição, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM-USP), recebeu o prêmio “2020 Impact Award” do American Journal of Physiology – Heart and Circulatory Physiology, por ser o artigo mais citado da revista no último ano, com 77 citações. O trabalho foi coordenado pelo professor Bruno Gualano, pesquisador associado do Centro de Pesquisa em Alimentos (Food Research Center – FoRC). O prêmio foi anunciado no dia 29/04, durante o congresso anual da Experimental Biology.
A partir da revisão de 50 estudos, o artigo fala sobre o impacto da Covid-19 sobre a inatividade física e, consequentemente, o aumento global de casos e de mortes por doenças cardiovasculares. O isolamento social resultou em menos prática de exercícios físicos e mais sedentarismo, o que prejudica a saúde cardiovascular. Alguns estudos analisados apontam que mesmo a inatividade de curto prazo (até um mês) pode aumentar o fator de risco para essas doenças.
Outra pesquisa mostrou que a falta de atividade física é responsável por cerca de 9% da mortalidade anual, resultando em cerca de 5 milhões de mortes por ano no mundo. Com base nos artigos revisados, os pesquisadores fizeram uma projeção em março de 2020 considerando um aumento de 50% de inatividade física na pandemia. “O resultado a longo prazo seria um aumento de mortalidade por doenças cardiovasculares na ordem de 200 mil. Também haveria um excesso de mortalidade de mais de 2 milhões na população geral”, afirma Gualano.
De acordo com o professor, a recomendação mínima é praticar de 150 a 300 minutos por semana de atividade física moderada a rigorosa. “É importante destacar que mesmo que o indivíduo não consiga atingir a frequência ideal, qualquer atividade física é melhor do que nenhuma”.
O exercício físico feito em casa é uma boa estratégia para minimizar esses problemas e trazer benefícios à saúde dos pacientes com doenças cardiovasculares. Segundo os autores, muitos trabalhos da literatura demonstraram a viabilidade, segurança e eficácia de diferentes modelos de atividades físicas domiciliares na prevenção de doenças cardiovasculares e eventos cardiovasculares maiores em diferentes populações.
Em andamento
Os pesquisadores têm avaliado grupos clínicos de risco para doenças cardiovasculares para saber se de fato estão se tornando mais sedentários na pandemia. Até então, a pesquisa mostrou que crianças, adultos e idosos com condições clínicas estão praticando menos exercícios do que antes.
Outro objetivo do grupo é investigar se a inatividade física também é fator de risco para Covid-19 e se a prática de exercícios poderia ajudar na recuperação de pacientes com síndrome pós-covid – quando os sintomas persistem ou voltam após a cura da doença.