Médico e investidor: crescem aplicações na Bolsa e no exterior

Médicos e outros profissionais da saúde estão se tornando, também, investidores. Aplicar dinheiro em ações na Bolsa de Valores ou mesmo aportar recursos no exterior tornou-se prática recorrente. De acordo com Júlia Lázaro, CEO da Mitfokus, empresa de soluções financeiras para profissionais e negócios em saúde, neste momento do ano em que o público demanda prestação de serviço de Declaração de Imposto de Renda, ela identifica a recorrência de investimentos desse tipo.

Segundo ela, aplicações mais conservadoras — como poupança, títulos de renda fixa ou títulos do Tesouro — sempre fizeram parte das estratégias dos profissionais de saúde para aumentar a rentabilidade e garantir estabilidade financeira no futuro. Já as opções mais voláteis, até pelo perfil de quem atua em atividades em saúde, não costumavam figurar entre as preferências.

“A formação do médico e outros profissionais da área é muito voltada ao fazer da medicina. Contabilidade, administração, finanças não são assuntos presentes, e então é natural que o caminho seja por opções mais convencionais. Mas investir na Bolsa ou no exterior é uma alternativa interessante, que garante bons rendimentos”, cita Júlia Lázaro, observando certa preferência por aplicações nos Estados Unidos, a fim de constituir reservas “em moeda forte”.

Mulheres

Júlia nota também que as profissionais mulheres estão se destacando nesse movimento. “Percebemos mais médicas mulheres ingressando na compra de ações na Bolsa de Valores, principalmente daquelas que geram dividendos, ou aplicando em fundos imobiliários. É uma forma de garantir uma renda contínua. Como o cenário hoje é de contratação de profissionais de saúde por PJ [Pessoa Jurídica], essa renda advinda dos dividendos supre a falta de remuneração quando tais profissionais tiram férias, por exemplo”, explica a especialista.

Além do sobe e desce da Bolsa, é preciso atentar para a “complexa regulação tributária” incidente sobre esses tipos de investimento. Júlia ilustra uma mudança recente na legislação, estabelecida pela Medida Provisória 1.171/2023, que trata da taxação de imposto de renda sobre ganhos em aplicações no exterior: a partir de 2024, ganhos acima de R$ 6 mil passarão a ser tributados.

A respeito das aplicações fora do país — por meio das chamadas “offshores” (empresas constituídas no exterior) —, a consultora reitera que, sob uma orientação bem-feita, constituem-se em opção legítima. “Não é ilegal ter offshore. Cumprindo as regras do Banco Central, realizando declarações como a de Capitais Brasileiros no Exterior e a de Ajuste Anual do Imposto de Renda, é um investimento seguro, transparente”, pontua.

De qualquer forma, ressalta a especialista, é imprescindível uma consultoria em planejamento tributário “para evitar o risco de que os dividendos com os investimentos sejam escoados, em boa parte, para o pagamento de impostos acima do que é realmente necessário”. Com um planejamento assim, o investidor cumpre rigorosamente suas obrigações com o Fisco, e garante o retorno pleno de suas aplicações.

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