Médico da Família é opção para reduzir custos
Em torno de 45% dos recursos usados em saúde suplementar nos EUA são resultado de desperdícios. Esse número, conhecido em todo o mundo, nos dá uma ideia do que pode estar ocorrendo no Brasil, onde pouquíssimos planos de saúde são focados na prevenção.
Um dado nacional, de conhecimento do setor, é que 20% dos usuários vão gastar 80% dos recursos, o que tem provocado o aumento da sinistralidade, levando as operadoras de saúde a readequarem seus contratos e preços. Portanto, o ideal é focar nesses 20%, visando evitar que eles cheguem a ficar ainda mais doentes.
Para atingir esse objetivo o Médico da Saúde da Família é a melhor opção. Trata-se de um modelo bom para o usuário, que vai ficar menos doente, bom para a empresa, que terá menos absenteísmo, e bom também para o plano de saúde, pois a sinistralidade será menor, favorecendo todo o sistema, reduzindo os desperdícios.
É de bom tom esclarecer que o Médico da Saúde da Família não é um clínico. Sua especialidade é para esse tipo de atendimento, por isso, ele sabe como atuar com os seus pacientes, pois tem o conhecimento dos usuários que atende e do que eles precisam.
Nos planos de saúde tradicionais, o usuário tem a liberdade de escolher em qual unidade será atendido, e muitas vezes, escolhe especialistas. Sabemos que cada especialista tem uma conduta própria dentro da sua área de ação, ampliando os custos das operadoras com exames e procedimentos que poderiam ser evitados.
Num primeiro momento é normal que o paciente queira manter a sua liberdade, mas depois ele acaba se identificando de tal forma, que o Médico da Saúde da Família se torna referência para ele. A partir daí a procura por este médico passa se algo voluntário, pois sabe que se trata de uma pessoa que vai facilitar sua vida dentro do sistema.
Alguns planos de saúde tentaram implantar um modelo semelhante, mas não tiveram um bom resultado em virtude do mercado e do nicho que escolheram. O usuário de alto poder aquisitivo, por exemplo, não abre mão de ter essa liberdade de escolher o local de atendimento e também o especialista de sua confiança, o que explica a baixa adesão ao médico da saúde da família neste grupo. Porém, no nicho empresarial, com empresas que se preocupam com a saúde populacional e com a saúde do usuário, temos observado uma melhor aceitação, inclusive, já há empresas que se dedicam a atender essa demanda específica.
Sem dúvida, o formato de médico da família vem ganhando força e seus benefícios são cada vez mais percebidos no mercado da saúde.
*Paulo Bittencourt é CEO da Plano Brasil Saúde.