Medicina da família cresce 30% em dois anos e 171% na última década
O estudo de demografia médica do Conselho Federal de Medicina (CFM) aponta que o número de profissionais dedicados à Medicina da Família e Comunidade cresceu 30% em dois anos e 171% na última década no Brasil. A especialidade acompanha o paciente durante todas as fases da vida e está atrelada ao atendimento em Atenção Primária, permitindo que aproximadamente 85% das queixas dos pacientes possam ser resolvidas pelo médico de família.
“O aumento no número de profissionais na especialidade é decorrente de uma série de fatores, mas a atenção primária ganhou relevância significativa durante a pandemia. O médico da família foi importante no acompanhamento integral do paciente durante a crise sanitária”, diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), Marco Túlio Ribeiro.
Um artigo publicado na revista científica internacional Plos One, em setembro deste ano, mostrou que a maior cobertura da Atenção Primária à Saúde e da Estratégia de Saúde da Família, juntamente com uma pontuação acima da média do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), estão associadas a uma menor incidência da Covid-19.
O estudo assinado pelos pesquisadores Marcello Guedes, Sanderson Assis, Geronimo Sanchis, Diego Araujo, Angelo Oliveira e Johnnatas Lopes, foi realizado por meio da análise de dados secundários da população de todas as principais cidades brasileiras, com base na análise de uma série epidemiológica de epidemias.
“O médico da família está apto a examinar, diagnosticar e tratar patologias clínicas femininas, masculinas e pediátricas evitando a fragmentação do atendimento”, explica a médica Carla Biagioni, diretora técnica na AsQ, empresa especializada em gestão de saúde.
Ela acrescenta que o cuidado primário, com apoio da medicina da família, é uma tendência no setor, principalmente por reforçar a prevenção e promoção da saúde, além de contribuir para o envelhecimento com mais qualidade de vida. “O modelo com a atenção centrada no hospital não cabe mais na sociedade. Uma medicina voltada para o indivíduo, isto é, focada na pessoa, fornecendo o máximo de resolubilidade às necessidades do paciente, evita desperdícios e proporciona um entendimento da saúde global do paciente, que não pode mais ser tratado de forma fragmentada”, diz Carla Biagioni, destacando o papel das clínicas de Atenção Primária.