O aumento dos custos na área da reumatologia nas últimas décadas
Os gastos do SUS e dos convênios com o tratamento de patologias reumáticas são exorbitantes, principalmente aquelas que são consideradas imunoinflamatórias. O que encarece o mercado da medicina reumatológica? Para o médico Jayme Fogagnolo Cobra, diretor da Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão Cobra, é a busca necessária e incessante por novas tecnologias e remédios. O especialista na enfermidade ressalta que: “entre as 5 marcas de medicamentos que representam os maiores faturamentos, na indústria farmacêutica no mundo, 4 são fármacos imunobiológicos para o tratamento das doenças inflamatórias como artrite reumatoide, espondilite anquilosante e artrite psoriática”.
Ou seja, as substâncias utilizadas para a medicação de patologias imunoinflamatórias representam cerca de 25% de todo o custo de fármacos de alta complexidade do SUS. Cada paciente em tratamento com estes remédios pode custar de R$ 15.000,00 a mais de R$ 50.000,00/ano. E, provavelmente, os custos para os convênios são maiores ainda.
Com valores tão altos, fica claro que alguma medida precisa ser tomada, e o Dr. Jayme Fogagnolo Cobra entende este processo a partir do estudo RETRO, do qual ele e sua equipe participaram na Alemanha.
“Publicado em 2018, mostrou que o custo anual do tratamento de um subgrupo de 41 doentes com artrite reumatoide em remissão completa e sustentada por mais de 1 ano, era mais de 370.000 euros. Esses pacientes foram submetidos a reduções progressivas das doses dos remédios (biológicos e/ou sintéticos) e mantiveram-se em remissão. A redução de custo alcançada foi de quase 220.000 euros por ano, ou seja, redução de quase 60% do custo anual de tratamento.”
Os estudos demonstraram que quanto mais precoce o diagnóstico, o início do tratamento, e o controle completo da doença, maior é a probabilidade de se reduzir as doses dos fármacos sem reativar a enfermidade nesse processo.
Neste contexto, ainda estão os medicamentos genéricos, que não funcionam da mesma forma que o sintético. Quando consideramos os imunobiológicos, a única possibilidade é de um medicamento biossimilar. Isso porque não há como copiar a mesma linhagem de células que produzem o imunobiológico original. O mercado disponibiliza alguns biossimilares e há estudos pelo mundo que demonstram sua eficiência, além de existir a tendência de se tornarem mais econômicos.
As despesas com o tratamento das doenças imunoinflamatórias tem aumentado absurdamente nas últimas décadas. Esses valores, erroneamente chamados de custos “médicos”, não são do médico, mas sim, de fato, secundários à incorporação de novas tecnologias, que são bem-vindas e muitas vezes necessárias, mas que devem ser consideradas muito criteriosamente, levando-se em conta todo o contexto do setor de saúde tanto público como suplementar.
No sentido mercadológico do universo da reumatologia, o Dr. Jayme Fogagnolo Cobra deixa claro que é necessária muita atenção.
“Temos muito o que refletir e agir, para chegar às soluções que de fato possa resolver o crescimento dos custos no tratamento e manejo dos doentes com patologias imunoinflamatórias, custos esses que caminham em direção da insustentabilidade, já que tratamos de doentes com doenças crônicas, mas que podem manter o controle adequado de suas doenças de maneira sustentável para o setor de saúde pública e suplementar no Brasil. ”