A indústria farmacêutica x medicina funcional e integrativa

Por Victor Sorrentino

Um estudo da Universidade de Stanford mostrou o peso de cada fator que faz uma pessoa viver mais de 65 anos. Pasme, a genética não faz nem cócegas perto do impacto do estilo de vida e do meio ambiente. Esses dois últimos fatores correspondem a 60% e 20%, respectivamente, no ranking de causas do adoecimento. Ou seja, a genética fica apenas com 15% das causas, e a assistência médica com 5% das responsabilizações.

Por trás da produção desenfreada de medicamentos, a indústria farmacêutica lucra muito. Toda vez que a questão lucratividade entra em cena, corremos um risco: o lucro desonesto, como a manipulação de estudos e corrompimento de profissionais mundo afora. Aliás, você sabia que 80% das doenças atreladas ao processo de envelhecimento são completamente evitáveis, com o uso da medicina funcional e integrativa?

Questões como estas eu trago no livro, de minha autoria, Quebrando “Tabus da Medicina”, lançado em 2020. Nele, discorro em 18 capítulos, 18 “Tabus”, que são desmistificados com base em comprovações cientificas. Conforme eu lia e pesquisava, passei a reconstruir meu conhecimento da medicina, com propósito de curar uma doença que sofri por anos, quase que sem diagnóstico, mesmo tendo ido aos melhores especialistas da medicina no Brasil, e por fazer uso de remédios controlados, que não trouxeram solução para os problemas que enfrentava. Anos depois, já melhor dos males que afetavam minha saúde e diante dos anseios de me tornar pai aos 40 anos, fui tomado por um novo desejo, o de envelhecer ao lado da família, curtir a vida com meu filho e, sobretudo, ter muita saúde para viver tudo isso.

Eu mergulhei na ciência dos alimentos, abracei a medicina funcional e integrativa e reconstrui todo o meu aprendizado em medicina. Eu melhorei, porque descobri que as raízes dos males que me acometiam estavam nos meus antigos hábitos, mas não nos meus genes.

Como médicos, muitas vezes aprendemos sobre os remédios com os próprios representantes da indústria farmacêutica, que são altamente treinados para vender ainda que não saibam nada de fisiologia humana em maior profundidade.

Já em 1993, o vencedor do prêmio Nobel de Medicina, Richard and Jonh Roberts, denunciou a forma como as grandes farmacêuticas funcionam dentro do sistema capitalista, preferindo os benefícios econômicos à saúde, detendo o progresso científico em relação à cura de doenças.

Outra autoridade no assunto que se dedica a temas relacionados a indústria farmacêutica e ao conflito de interesses nas investigações cientificas, é a Dra. Marcia Angell, ex-editora chefe do conceituado periódico cientifico New England Journal of Medicine (o mais respeitado de todo o mundo e pesquisadora do Departamento de Medicina Social da Harvard Medical School).

Ela explica que, a despeito de uma suposta neutralidade cientifica, as indústrias farmacêuticas têm patrocinado as pesquisas que tentam comprovar coisas que as interessam.

Os laboratórios, para justificar que determinada droga se mostra eficaz, apenas procuram compará-la a um placebo, mas não com drogas já existentes.

Sendo assim, o mercado tem no máximo, recebido medicamentos que só são melhores do que nada.

Diante disso, entendi que a saúde natural é um meio de enxergar e equilibrar o corpo tendo como base o estilo de vida, as atividades físicas, a alimentação, os nutrientes, as vitaminas, os minerais e os antioxidantes.

Diversas vezes, como mostram os estudos que não têm conflitos de interesse, essas abordagens são muito mais exitosas e seguras do que a utilização desenfreada de medicações.

Allan Frances, médico psiquiatra e um dos coordenadores do Manual de diagnótico e estatística dos transtornos mentais (DSM IV), admite que transformamos problemas cotidianos em transtornos mentais.

Para tudo tem um remedinho. Para o término do namoro, depois para dormir, para controlar a fome, e assim, percebemos uma seqüência de medicamentos prescritos para adolescentes ou adultos, jovens ou velhos, sem indicação médica formal, numa cadeia de eventos que culminam até mesmo na dependência química.

Em vez de uma medicação controlada para uma pessoa que vive um momento de dificuldade emocional, como o término de um namoro, temos a opção do importante acompanhamento com um terapeuta ou psicólogo.

Posso citar ainda a prática de atividade física e o incentivo à evolução espiritual (saúde espiritual). Se for necessária alguma prescrição temos as opções da fitoterapia, chás, vitaminas e antioxidantes.

É claro que em situações excepcionais de maior risco quando não há a possibilidade de utilizar as opções de tratamento já listadas, o acompanhamento com um psiquiatra e a prescrição medicamentosa devem ser realizados.

De uma forma ou de outra, é sempre recomendado o acompanhamento de um profissional da saúde.


*Victor Sorrentino é Médico, professor e palestrante.

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