Medicina digital democratiza saúde preventiva nas empresas
Por Claudia Machado
Uma pesquisa recente, divulgada pelo jornal Valor, apurou que 80% das empresas brasileiras ainda não monitoram a saúde de seus funcionários. São companhias que, em geral, oferecem planos de saúde para seus colaboradores, mas não implementam qualquer ação para garantir preventivamente o bem-estar físico e psicológico dessa comunidade.
Isso mostra o quanto ainda precisamos mudar nossa concepção sobre saúde no ambiente de trabalho. O cuidado preventivo, para além dos benefícios de longo prazo para a qualidade de vida dos funcionários, é vantajoso para a própria empresa.
Ações de monitoramento permitem identificar e corrigir pontos da rotina laboral que prejudicam o bem-estar de colaboradores. Trata-se de uma boa prática de governança – conceito tão valorizado hoje pelo mercado – que contribui para formar funcionários mais motivados, produtivos e comprometidos.
Isso se estende, é claro, para a saúde mental. As organizações mais bem-sucedidas são aquelas que valorizam a inteligência emocional dos colaboradores, que acolhem diferentes perfis psicológicos em equipes diversas e, principalmente, que levam a sério quadros de ansiedade, desânimo, estresse, insônia, depressão ou burnout – os problemas psicológicos mais comumente relatados por profissionais de diferentes áreas.
Apesar disso, 65% das empresas no Brasil, de acordo com a mesma pesquisa publicada pelo Valor, não investem em programas permanentes de saúde mental. Vivemos, portanto, uma contradição: exigimos como nunca, inclusive em processos seletivos para contratação, certos atributos psicológicos e de inteligência emocional, mas não oferecemos, como contrapartida, uma estrutura de cuidado que permita preservar essas qualidades dos colaboradores.
O que explica essa situação? Em parte, o monitoramento de saúde ainda é encarado como “supérfluo”, ou então implica em custos com os quais a maioria das empresas não consegue arcar. Felizmente, a tecnologia digital vem ajudando a mudar esse quadro.
As healthtechs oferecem soluções acessíveis, amplamente aprovadas pelos próprios usuários, para programas de saúde preventiva no ambiente de trabalho. São plataformas particularmente eficientes no monitoramento e prevenção de doenças, graças a ferramentas de inteligência artificial e machine learning que permitem mapear tendências em grupos numerosos. Em modelos de contrato B2B (“business to business”, ou “entre empresas”), serviços de medicina digital barateiam ainda mais os custos do acompanhamento de saúde.
A pandemia teve impacto enorme sobre a saúde da população, ampliando problemas que vão do sedentarismo à ansiedade. Qualquer empresa comprometida com o bem-estar de seus colaboradores e com o impacto social de suas operações precisa implementar programas de monitoramento de saúde. Que as ferramentas de medicina digital possam viabilizar essa mudança, ajudando a transformar a saúde preventiva em prioridade do mercado.
*Claudia Machado é VP comercial da Vibe Saúde.