Medicina diagnóstica precisa avançar em igualdade de gênero
Uma pesquisa realizada no ano passado pela Aberje revelou que o número de homens em cargos de liderança ainda é superior na maioria das organizações que participaram do levantamento (61%). Essa é a realidade de diversos setores, como a saúde. Embora, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em média, as mulheres representam cerca de 70% da força de trabalho em saúde em todo o mundo, geralmente elas ocupam cargos menos remunerados e com menor poder de decisão. Esse cenário faz com que a desigualdade de gênero seja um desafio que precisa ser superado na medicina diagnóstica.
Segundo Lídia Abdalla, presidente-executiva do Grupo Sabin, valorizar a diversidade precisa ser parte da cultura organizacional para fomentar o respeito às diferenças e promover discussões que ajudem a superar preconceitos e crenças limitantes. Na instituição, diferentemente de muitas outras no Brasil, as mulheres são maioria também em cargos de liderança e ocupam 74% das posições. “Essa é a mudança que precisamos perceber no setor: mulheres participando ativamente da tomada de decisões”, reforça.
Na opinião da executiva, a equidade de gênero é possível com uma mudança de cultura e também com políticas efetivas. Mesmo porque as mulheres têm características que as qualificam perfeitamente para ocuparem posições importantes e de liderança em laboratórios, empresas de diagnóstico por imagem, hospitais, universidades e outras instituições de saúde. As soft skills mais comuns às mulheres, como empatia, resiliência e flexibilidade, sempre foram um diferencial na qualidade do cuidado oferecido. Essas características, além da habilidade de gerenciar relacionamentos interpessoais e serem multifacetadas, têm sido cada vez mais valorizadas nas posições de liderança, e isso precisa refletir em maior presença também.
“As mulheres de fato não precisam ser ‘mulher-maravilha’, mas precisam ter autoconhecimento e melhor autoestima. Se estudamos e nos preparamos, estamos capacitadas para assumir cargos de alta liderança na empresa. Há muito a ser celebrado pelas conquistas até aqui, e um longo caminho à frente para que, com determinação e propósito, alcancemos a justa equidade”, complementa.
Essa também é a visão de Cristina Bertolino, diretora de Governança e DO da Shift, empresa especializada em tecnologia diagnóstica. Segundo ela, é preciso considerar que as mulheres conseguem manter a atenção e o foco em várias situações, demonstrando grande habilidade em atividades que requerem o desenvolvimento paralelo de processos ou projetos. “Comprovadamente, a capacidade de resiliência e perseverança da mulher é superior à dos homens, fato que traz a habilidade de assimilar ocasiões adversas e reverter aspectos negativos para situações otimistas e melhores. Além de maior sensibilidade para as situações”, ressalta.
A empresa já atua com diversas ações inclusivas, tanto para atrair mais mulheres para o segmento de TI, tradicionalmente masculino, quanto para desenvolvê-las na liderança. Atualmente, são cerca de 40% de mulheres na empresa, distribuídas em cargos como o de diretoria, gerência, supervisão e desenvolvimento.