Medicina canabinoide requer mais estudo e atualização

Por Renato Anghinah

Apesar da aplicação dos produtos à base de Canabidiol ter sido adotada desde 2019, quando a Anvisa, por meio da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 327, regulamentou o produto para uso medicinal no Brasil, a conscientização e a informação sobre o uso medicinal do Canabidiol permanecem sendo fundamentais para desmistificar a substância e garantir que ela seja utilizada de forma adequada. Mesmo porque, sua prescrição ainda demanda um aprofundamento do conhecimento sobre os produtos medicinais à base de Cannabis, desde a origem até a correta indicação terapêutica. Sem contar que a regulamentação da produção nacional e a pesquisa científica permanecem também sendo importantes para garantir o acesso seguro e eficaz ao tratamento com canabidiol.

Por ser de uso medicinal recente é preciso, cada vez mais, reforçar junto aos profissionais de saúde sobre a medicina canabinoide e seus benefícios, assim como as indicações inadequadas, além de qualificar profissionais de excelência com conhecimento teórico e embasado sobre medicina canabinoide e seus diversos usos terapêuticos. Os canabinoides interagem com o sistema endocanabinóide do corpo humano, semelhantes aos da planta, que regula funções fisiológicas como humor, apetite, sono e dor. A medicina canabinoide utiliza doses controladas e produtos com qualidade garantida, e deve ser sempre orientada e prescrita por um médico.

Hoje, o canabidiol pode ser utilizado em algumas situações incluindo a epilepsia, dores neuropáticas ou dor crônica, transtornos de ansiedade e síndrome do espectro autista, por exemplo. Outra indicação também relativamente bem estabelecida da cannabis é para a espasticidade. A espasticidade ocorre em geral em pessoas que após um derrame ficam com o braço ou a perna endurecida e a cannabis ajuda o tônus muscular auxiliando, inclusive, o trabalho dos fisioterapeutas. As demais, aplicações, – a lista é imensa – ainda carecem de mais e melhores estudos e comprovações. Existem 144 substâncias na flor da cannabis, mas as duas mais conhecidas são o CBD e o THC.

O CBD foi isolado pela primeira vez da maconha em 1940, e sua estrutura foi relatada em 1963. No ano seguinte, foi identificado e isolado o THC, principal composto psicoativo da Cannabis. Desde então, a comunidade científica tem analisado os possíveis benefícios terapêuticos que esses compostos poderiam proporcionar para diversas condições de saúde.

Por isso, é preciso esclarecer e isolar a tentação de achar que a cannabis serve para todas as doenças. É impérios que os profissionais busquem avaliar os conteúdos das diversas iniciativas como cursos, literatura médica e pesquisas sobre o assunto, avaliando sua origem, seriedade e propósito. Somente a educação segura e sólida para o médico, irá permitir que a cannabis tenha o lugar importante que deve ter dentro da medicina, mas o profissional não pode achar que a cannabis é uma panaceia, que serve para todas as coisas.

Neste sentido, médicos, acadêmicos de medicina, dentistas e biomédicos com habilitação em acupuntura, devem se qualificar para atuar em todos os aspectos relacionados à medicina canabinoide, desde as espécies de plantas que originam os compostos encontrados no uso terapêutico, passando pelas bases fisiológicas e farmacológicas do sistema endocanabinoide, até os diferentes produtos existentes no mercado e sua real indicação.


*Renato Anghinah é neurologista, professor livre docente da FMUSP e coordenador de Medicina Canabinoide do HCX da Fmusp.

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