35% dos que usam medicamentos para insônia fazem sem orientação médica
A SleepUp, startup focada no tratamento de insônia, realizou em fevereiro deste ano, uma pesquisa on-line e inédita com 533 pessoas para avaliar como anda a qualidade do sono delas. Mais de 13% dos respondentes disseram que tomam medicamentos para dormir, sendo 71% mulheres e 29% homens. Dos que fazem uso atualmente, 88,4% tomam há mais de três meses, 44,2% tomam há mais de 1 ano e 10,31% tomam remédios todos os dias. Além disso, a pesquisa mostrou ainda que 32% dos entrevistados já tomaram, mas não fazem uso atualmente e 82% dos que tomam atualmente já consideraram parar de tomar.
Dentre os que tomam ou já tomaram remédios, 35% disseram ter feito o uso sem consultar um médico. O pesquisador do Instituto do Sono e diretor de pesquisa da SleepUp, Gabriel Natan Pires, alerta que o uso indiscriminado de medicamentos para dormir pode ser um risco para a saúde.
“Quando não orientados adequadamente por um médico especialista, estes medicamentos podem causar sonolência durante o dia, problemas de memória, sono não reparador, cansaço ou fadiga, dependência, intolerância, pesadelos, quedas e fraturas, dentre outros. Isso porque cada caso de insônia deve ser avaliado individualmente e, se necessário o uso de remédios, a frequência e dose pode variar de pessoa para pessoa.”
Existem pessoas que de fato necessitam de medicamentos para lidar com quadros de insônia crônica. Mas para muitas delas, alternativas como a terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCCi) podem ser mais saudáveis e benéficas a longo prazo. Ela também pode ser praticada por pessoas com quadros mais severos, juntamente com o uso de remédios recomendados e orientados por um médico. A TCCi pode ajudar também com os efeitos colaterais mais comuns dos medicamentos para insônia, como sonolência durante o dia e cansaço.
No entanto, a TCCi, considerada o padrão ouro para o tratamento da insônia, ainda é pouco conhecida das pessoas que sofrem com o distúrbio. Segundo o levantamento da SleepUp, 44% das pessoas que fazem uso de medicamentos para dormir, nunca ouviram falar em terapia cognitivo-comportamental.
Insônia na pandemia
A pesquisa revelou ainda uma piora na qualidade do sono das pessoas durante a pandemia de coronavírus. Mais de 20,5% dos respondentes do levantamento disseram que precisaram aumentar o uso de remédios para dormir nesse período. O especialista reforça a importância de alternativas mais saudáveis de tratamento para a insônia, principalmente nestes casos.
“Em pessoas com insônia ocasionada ou intensificada pela pandemia, a TCCi é uma excelente alternativa porque, nesses casos, a dificuldade para dormir provavelmente está relacionada à ansiedade, preocupação, medo e outros fatores emocionais e comportamentais relacionados ao cenário atual em si. A terapia ajuda a lidar com essas emoções, melhorando não só o sono, mas a qualidade de vida em geral”, explica Gabriel Natan Pires.
Os respondentes da pesquisa ainda apontaram as alternativas mais utilizadas por eles para lidar com a insônia. Entre os mais citados estão meditação e consumo de chás. Segundo o especialista, essas são importantes estratégias que também fazem parte do trabalho de higiene do sono e TCCi.