Marty Makary defende ‘medicina de precisão’ no combate ao desperdício
O professor da Universidade Johns Hopkins, Marty Makary, analisou o sistema de saúde sob a perspectiva da medicina de precisão. Durante o Congresso Nacional de Hospitais Privados (Conahp), o também autor de alguns dos livros mais vendidos dos Estados Unidos, “The Price We Pay” e “Unaccountable“, que deu origem à série de TV “The Resident”, falou sobre a importância de estudos clínicos, trocas de experiências entre profissionais de saúde e avanços da medicina para a indicação do tratamento adequado ao paciente.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Johns Hopkins e liderada por Makary, em solo americano havia um número alto de encaminhamentos para procedimentos inadequados, como de endoscopia, colocação de stents e análise de tecido para diagnosticar câncer de pele. “Ao serem apresentados aos dados, os médicos que constatavam estar fora da média em comparação aos outros, reduziam a quantidade de pedidos imediatamente”, revelou.
Segundo o professor, 21% de todo cuidado médico nos EUA é desnecessário. Quando questionados sobre as indicações, os profissionais alegavam que algumas eram provenientes de exigências dos pacientes, o que os colocava em uma situação difícil. Por isso, ele defende que “é preciso educar os pacientes. Essa é uma das razões pelas quais escrevi os livros e falo quase todos os dias nos meios de comunicação. Os médicos são líderes respeitados em suas comunidades. Quando falamos sobre o assunto, criamos uma conscientização geral”.
Para Makary, algumas medidas podem evitar o uso inadequado dos recursos de saúde, como utilizar dados validados por especialistas na área como medidas de adequação e contar com revisões das indicações por pares externos. “No meu hospital, 5% dos casos de stents cardíacos implantados são revisados por um grupo de cardiologistas de outra instituição, que fornece o feedback sobre a necessidade do procedimento. Não se trata de policiamento, mas de compartilhar informação e aprender junto”, explicou.
O médico afirma que algumas doenças podem ser prevenidas, tratadas ou controladas com cuidados simples com a saúde, como se alimentar com produtos naturais, evitando industrializados e ultraprocessados, dormir bem e utilizar a máscara, como no caso da Covid-19. Outras, entretanto, ainda precisam entrar mais na pauta médica, incluindo na formação dos profissionais, como a solidão. “Precisamos falar não só sobre o problema, mas abordar a solução, como a criação de comunidades, famílias que redesenham o seu estilo de vida para cuidar dos idosos e como fazer o cuidado em casa”, finalizou.