Mais de 36 milhões de mulheres não realizaram ao menos um exame preventivo em 3 anos
Estima-se que mais de 36 milhões de mulheres entre 25 e 64 anos não realizaram ao menos uma coleta de exame de Papanicolau no intervalo de três anos, segundo dados do 2º quadrimestre de 2024, da análise da ImpulsoGov, considerando dados do SISAB (Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica), do Ministério da Saúde. Em paralelo a isso, a mortalidade por câncer de colo de útero atingiu seu pico dos últimos 22 anos. Em 2022, a taxa de mortalidade por este câncer foi de 6,4 a cada cem mil pessoas, vitimando 6.983 mulheres, segundo números do Observatório da Saúde Pública, da Umane.
“A prevenção é a maior aliada na cura do câncer do colo do útero, terceiro tumor maligno mais frequente na população feminina brasileira. O acesso periódico à realização do exame de Papanicolau e a vacinação contra HPV, além da conscientização sobre o uso de preservativos, são iniciativas que salvam vidas. Assim, o fortalecimento do sistema de saúde para garantir o acesso equitativo à prevenção e tratamento tem um impacto significativo para reduzir o desenvolvimento da doença e, assim, garantir mais qualidade de vida para as mulheres”, afirma Thais Junqueira, superintendente geral da Umane.
O Impulso Previne é uma plataforma digital gratuita que centraliza dados, análises e recomendações sobre os principais indicadores de prevenção em saúde, apresentando-os em um formato simples e rápido para ajudar os profissionais de saúde do SUS a oferecerem o melhor atendimento aos pacientes. Com essas ferramentas, eles podem identificar bebês e crianças não vacinados, por exemplo, e enviar lembretes para adultos sobre exames preventivos. Com atuação focada no Norte e Nordeste do país, a iniciativa, até junho de 2024, com apoio do BNDES e do Instituto Dynamo, atendeu 19 cidades com serviços voltados ao fortalecimento da gestão baseada em dados e à qualificação dos profissionais para o uso otimizado de dados.
Até dezembro de 2025, com apoio do BNDES e da Umane, o projeto será expandido para mais de 240 municípios, com presença em todos os estados dessas regiões. Nesta fase, além de outros serviços, será desenvolvido um sistema de mensagens personalizado, que permitirá o envio de lembretes e informações relevantes sobre saúde diretamente aos cidadãos de 120 municípios. A plataforma também vai oferecer informações sobre pacientes referentes à cobertura vacinal, a realização do pré-natal, e ao controle de doenças crônicas como diabetes e hipertensão. O Impulso Previne faz parte do Programa Juntos pela Saúde, uma iniciativa apoiada pelo BNDES com a gestão de projetos executada pelo IDIS – Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social, executado pela Impulso Gov. “O programa Juntos pela Saúde exemplifica o poder das parcerias na promoção da saúde. A colaboração entre o BNDES, o setor público, e o setor privado demonstra como a união de esforços pode fortalecer o direito à saúde para todos. Por meio de projetos inovadores na atenção primária do SUS, a iniciativa tem auxiliado milhares de pessoas nas regiões Norte e Nordeste, prevenindo casos graves de doenças, como o câncer do colo do útero”, destacou Paula Fabiani, CEO do IDIS.
“O câncer do colo do útero é prevenível e curável quando detectado precocemente, tornando o exame preventivo fundamental. No entanto, a adesão dentro do prazo recomendado fica abaixo do ideal no país, devido aos desafios como barreiras sociais, culturais e a necessidade de múltiplas visitas à unidade de saúde. Com o Impulso Previne, ajudamos as equipes do SUS a identificar, de forma descomplicada, quem ainda não fez o exame em determinada área, para que possam buscá-las e garantir o acesso ao cuidado em tempo oportuno”, explica Juliana Ramalho, gerente de saúde pública da ImpulsoGov.
Falta de prevenção
Os dados do Observatório da Saúde Pública, da Umane, mostram ainda que, em 2023, 21% das mulheres que vivem nas capitais do Brasil nunca tinham feito o exame de Papanicolau, com base em números do Vigitel. As mulheres com menor nível de escolaridade, com até 8 anos de estudo, foram as que mais se precaveram, com 85,7% tendo feito o exame, contra 14,3% dessa faixa que nunca tinham feito o Papanicolau. Já entre as mulheres com 9 a 11 anos de estudo, 30,2% não fizeram o exame. Entre aquelas com 12 anos ou mais de estudo, 15,4% não investigaram se tinham câncer de colo do útero.