O manejo eficaz como estratégia de tratamento para sepse
No encontro de três dias no 37º Congresso Anual da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva as discussões giraram em torno dos avanços e a certeza que é preciso individualizar o manejo cardiovascular do doente depois de acionado o protocolo da sepse. A atualização do escore SOFA (Sequential Orgain Failure Assessment), ferramenta clínica utilizada para avaliar e monitorar disfunções ou falências de órgãos em pacientes com sepse, é bastante esperada, especialmente pela relevante participação brasileira no processo de análise dos bancos de dados como também na discussão crítica.
A sepse é uma condição prevenível, que oferece risco à vida, mas é preciso processos adequados na sua identificação precoce e seu tratamento eficaz e rápido, uma vez que a mortalidade por sepse é a principal causa de morte nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), superando o infarto do miocárdio e o câncer. Diferente do que muitos imaginam, a infecção não necessariamente se espalha por todo organismo, mas é a resposta inadequada do corpo à presença de uma infecção em algum órgão ou tecido que promove a disfunção das funções orgânicas. Em termos mais simples, ao combater a infecção, o corpo humano promove um dano a si mesmo.
Em todo o mundo, a sepse mata 11 milhões de pessoas por ano, de acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde). No Brasil, a estimativa é de 240 mil mortes por ano, relacionadas muitas vezes ao manejo clínico inadequado e à infraestrutura precária, que se somam a vários fatores fisiopatológicos, como faixa etária, informações genéticas, imunológica e doenças associadas que podem agravar o quadro do paciente.
O avanço da telemedicina é mais um recurso que está sendo estudado para melhor colaborar na assistência e suporte à distância no apoio às ações dos profissionais da saúde. A ideia é aproximar o médico que tem a expertise no cuidado do paciente complexo com todos os que se encontram com dúvidas e incertezas no manejo diário desta população. Entender a melhor dinâmica para a execução da telemedicina na UTI é atualmente objeto de estudo para uma abordagem baseada na evidência e na ciência.
Na aplicação medicamentosa, a resistência antimicrobiana é um desafio frequente em vários cenários infecciosos, especialmente nos pacientes de UTI, mas alguns estudos indicam que a administração contínua do antibiótico administrados na veia poderia ser mais eficiente no controle da infecção. A medicina está em evolução constante, assim como as boas práticas e os estudos clínicos. Agora é esperar para que as novidades não demorem para ser avaliadas quanto à implantação no país.
*Leandro Taniguchi é médico diarista da UTI Clínica do Hospital das Clínicas e orientador do programa de pós-graduação da FMUSP.