Longevidade impulsiona mercado e novo olhar para a saúde auditiva

Por Ricardo Hammerat Ribeiro

A expectativa de vida no Brasil aumentou mais de 30% nas últimas cinco décadas. Vivemos mais, e isso é um avanço que deve ser comemorado. Mas a longevidade também exige uma nova forma de olhar para a saúde. Em meio a tantas mudanças, a audição ainda é uma das áreas mais negligenciadas quando falamos em envelhecimento.

Essa transformação demográfica também está moldando o mercado. A chamada economia prateada, formada por pessoas com 50 anos ou mais, movimentou R$ 1,8 trilhão em 2024 — o equivalente a 24% do consumo privado total dos domicílios brasileiros, segundo a pesquisa Mercado Prateado: consumo dos brasileiros 50+, do projeto Brasil Prateado. A previsão é de que esse número salte para R$ 3,8 trilhões em 2044, representando 35% do consumo domiciliar privado no país. Ou seja, cuidar da saúde dessa população é, além de uma demanda social, uma questão estratégica de longo prazo.

A perda auditiva é uma condição comum entre idosos, mas que segue sendo subestimada. Em muitos casos, os primeiros sinais passam despercebidos. Em outros, são normalizados como parte natural do envelhecer. Isso atrasa o diagnóstico e o início do tratamento, o que pode gerar consequências graves não apenas para a capacidade de escutar, mas para a saúde como um todo.

Ouvir vai muito além de captar sons. É por meio da audição que mantemos vínculos, participamos de conversas, interagimos com o ambiente. Quando essa conexão falha, a pessoa tende ao isolamento, à dificuldade de comunicação e à perda de autonomia. Estudos já indicam que a perda auditiva não tratada está associada ao declínio das funções cognitivas, como memória, atenção e linguagem.

Uma evidência contundente veio de uma publicação da The Lancet Commission, que apontou a perda auditiva não tratada como o principal fator de risco modificável para o desenvolvimento de demência, superando condições como hipertensão, trauma cerebral e obesidade. No Brasil, essa associação também foi confirmada em um estudo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, que acompanhou 805 pessoas com mais de 50 anos ao longo de oito anos. Os participantes foram submetidos a testes auditivos e avaliações cognitivas periódicas, que analisaram memória, linguagem e função executiva. Entre eles, 7,7% apresentaram perda auditiva — grupo que registrou um declínio cognitivo global mais acelerado do que o esperado para a idade. Os resultados também indicaram piora em domínios específicos, como fluência verbal e memória, reforçando a conexão entre saúde auditiva e saúde cerebral.

A perda auditiva, muitas vezes, avança de forma silenciosa. Dificuldade para entender palavras em ambientes ruidosos ou a necessidade frequente de aumentar o volume da televisão não são detalhes irrelevantes. São sinais de que é preciso buscar avaliação. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado ajudam a preservar funções cognitivas e a evitar o agravamento de quadros como a demência.

Cuidar da audição é parte essencial do envelhecer com qualidade. E embora essa condição seja mais frequente em idosos, ela pode afetar pessoas de todas as idades, incluindo crianças e adolescentes. Em qualquer fase da vida, escutar bem é parte fundamental do desenvolvimento, da autonomia e da saúde mental.

Em um país que se vive mais, é urgente tirar a saúde auditiva da invisibilidade. Falar sobre o tema, reconhecer os sinais e buscar ajuda especializada são passos que fazem diferença não apenas na capacidade de ouvir, mas na forma como vivemos e nos conectamos com o mundo.


*Ricardo Hammerat Ribeiro é diretor executivo da AudioNova.

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