Chechi: “a crise é propulsora dos ciclos de crescimento”
Nos últimos anos, o setor de saúde vem passando por sensíveis readequações no Brasil, em decorrência, por exemplo, de mudanças na gestão das operadoras que atuam nesse mercado, cada vez mais competitivo. “Esse contexto exige uma velocidade de reação cada vez maior”, diz José Tadeu Chechi, diretor-geral do Hospital Dona Helena, de Joinville (SC). Também há o fator pandemia – o enfrentamento constitui um desafio ímpar para as organizações. A resposta do Dona Helena a tudo isso, segundo o diretor, tem sido a de se preparar para o futuro”. A história ensina que as grandes crises servem de mola propulsora para novos ciclos de crescimento”, reflete, enxergando a oportunidade de colocar em prática as diretrizes do planejamento estratégico do hospital, que mira na expansão e no desenvolvimento de novas especialidades, com ênfase para a oncologia.
Outro ponto: a oferta de novas modalidades de acesso aos serviços de saúde da instituição, por meio de ações como o programa de fidelidade que está sendo lançado neste mês, chamado “Clube + Saúde Dona Helena”. Trata-se de um cartão de descontos em serviços do hospital e parceiros externos, com ênfase em consultas, exames e terapias.
“Estamos consolidando o Dona Helena como centro de saúde voltado à alta complexidade. No ano passado, o hospital investiu em modernização, com a compra, entre outros, de novos equipamentos de hemodinâmica e tomografia computadorizada, além de todo o aparato de suporte. Também ampliou a gama de especialidades disponíveis em seus ambulatórios. Queremos preparar o hospital para um novo momento de crescimento, tornando a saúde mais acessível para a população.”
Aprendizados da pandemia
“Para as instituições hospitalares, a pandemia trouxe um aprendizado intenso, na busca da desejada superação desse período difícil. Do ponto de vista da gestão, entre outros aspectos, a fim de garantir o atendimento da demanda crescente, tomamos a iniciativa de ampliar os estoques de insumos, que não poderiam faltar. Ao mesmo tempo, revisamos protocolos e fortalecemos o treinamento das equipes. Hoje, só podemos enxergar um cenário melhor porque nos preparamos para isso.”
O Clube + Saúde
“Nosso objetivo, com este programa, é atender a um paciente que não tem plano de saúde, ou que tem, mas não é extensivo ao dependente, e quer garantir ao familiar o acesso a serviços de saúde do Dona Helena. O apelo à saúde aumentou, com a pandemia. Cada vez mais, as pessoas estão valorizando a saúde de qualidade. Nossa missão é garantir essa condição de forma mais acessível. O cartão também irá contribuir para desonerar um pouco o setor público, que enfrenta dificuldade para atender à demanda. À medida que o programa for se consolidando, poderemos ampliar um pouco o leque de serviços, enriquecendo as possibilidades. Aos poucos, vamos conhecer melhor o perfil desse cliente.”
Nova onda da pandemia?
“Ninguém espera que isso aconteça. Se ocorrer, estaremos preparados. Entre outros pontos, já temos a possibilidade de redirecionar funcionários de áreas produtivas para outras áreas relacionadas à Covid-19, como fizemos em março, abril e maio do ano passado, quando o centro cirúrgico deixou de atender a cirurgias eletivas e o pessoal foi capacitado para as UTIs. Uma palavra resume o hospital, hoje: mobilidade. Temos mobilidade para nos adaptar a vários cenários. Vamos reativar em torno de 40 leitos, até para dar conta de atendimentos represados ao longo da pandemia. Podemos otimizar o uso dos recursos baseado nas mudanças de protocolos que fizemos.”
O pior já passou?
“Estamos entrando em um momento de estabilização do quadro, o que é bastante positivo. O caminho da vacinação, sem dúvida, é fundamental, mas todos ainda devem manter os cuidados conhecidos para evitar o vírus. No hospital, o afastamento de funcionários por conta da Covid-19 praticamente desapareceu. A vacina, vale lembrar, não é garantia de que você não vai pegar doença, mas, se pegar, o impacto será menor. Muita coisa ainda vai acontecer, mas, havendo um avanço na vacinação, como anunciado, a tendência é de um segundo semestre melhor. O primeiro semestre foi difícil para todo mundo. A expectativa é de um segundo semestre mais previsível. O problema é que as pessoas estão falando muito da Covid-19, mas teremos problemas de tratamentos que foram interrompidos, pessoas que deixaram de fazer exames preventivos. A doença não espera. A gente está se preparando para um cenário de aumento de casos de doenças crônicas que estavam sendo tratadas de uma maneira e agora estão sendo tratadas de outra maneira porque todo mundo evitou vir ao hospital.”