Estudo alerta para os desafios do diagnóstico e do tratamento da psoríase
Doença crônica, imunomediada, sistêmica (que impacta todo o organismo), não contagiosa e que pode se tornar incapacitante se não tratada adequadamente, a psoríase atinge, em sua maioria, pessoas jovens – de 20 a 40 anos – em plena idade produtiva. No Brasil são mais de 2,6 milhões de pessoas que convivem com a doença que tem como características sintomas como prurido, dor, ardor, sensação de queimação, espessamento da pele e lesões que dificultam as atividades do dia a dia, a rotina do trabalho, os momentos de lazer e as relações sociais.
Mas ainda é desconhecido o contingente de pessoas de peles pretas, pardas e asiáticas, que pode estar sofrendo com a condição há anos sem saber. “Na prática clínica observa-se que pessoas de pele preta, parda, asiática, entre outras etnias, levam até 3x mais tempo para o diagnóstico correto, o que pode representar décadas”, alerta o dermatologista Anderson Costa, especialista em pele negra. O que se sabe é que a doença é mais facilmente identificada em pessoas brancas porque o eritema, que é a vermelhidão da pele, é mais aparente nesses indivíduos. Isso pode tornar mais difícil para os profissionais de saúde identificarem áreas que estão ativamente inflamadas. “A diversidade limitada de tons de pele em estudos clínicos e a falta de treinamento na apresentação da doença em todos os tons de pele para profissionais de saúde podem afetar o diagnóstico da doença”, afirma o especialista.
Estudo
Para estimular o diálogo sobre esse tema e atender as necessidades de médicos e potenciais pacientes, a Johnson & Johnson acaba de divulgar dados inéditos do VISIBLE, estudo pioneiro que aborda a falta de inclusão e diversidade em ensaios clínicos e traz soluções para os desafios no diagnóstico precoce. Como parte do estudo, um dispositivo de colorimetria foi usado para avaliar os tipos de pele a partir da escala Fitzpatrick, a mais famosa classificação dos fototipos cutâneos que mostra de 1 a 6 a capacidade de cada pessoa em se bronzear, assim como, sensibilidade e vermelhidão quando exposta ao sol. Durante o estudo foram capturadas imagens de psoríase em placas moderada a grave nas seis classificações da escala para apresentar uma biblioteca abrangente de fotos reais de pacientes.
As manifestações da psoríase em peles pretas, pardas, asiáticas e de outras etnias, são diferentes das que ocorrem nas peles brancas. Por isso é comum que esse paciente, assim que consegue o diagnóstico, seja subtratado. “Por falta de dados, o especialista pode acabar classificando a doença como leve, quando na verdade ela pode já estar na fase moderada a grave. Principalmente na pele preta, onde as lesões são menos aparentes”, explica Anderson Costa e complementa, “as fotos em alta qualidade trazidas pelo VISIBLE vão ajudar na melhora da visualização das lesões e apoiar o treinamento dos profissionais de saúde na identificação em todos os tons de pele”.
Tratamento deve ser feito por toda a vida
Por ser uma doença crônica, o tratamento da psoríase precisa ser administrado durante toda a vida. Entre as terapias disponíveis estão as medicações tópicas (cremes e pomadas) e fototerapia (banhos de luz), as medicações orais e os medicamentos biológicos. Como opção terapêutica para os pacientes que apresentam psoríase de moderada a grave, cerca de 20% deles, os imunobiológicos chegaram como um grande avanço no tratamento da doença. Eles atuam em alvos específicos envolvidos no processo inflamatório, amenizando os sinais e sintomas dessa doença.
Os dados do estudo podem ajudar potenciais pacientes e profissionais de saúde, a encontrarem caminhos para antecipar o diagnóstico e o tratamento adequado. Essa população que hoje pode estar sem atendimento correto, terá possibilidades de recobrar a qualidade de vida. “O Visible nos mostrou que há uma sub-representação de minorias raciais e étnicas em estudos de certas condições dermatológicas. E isso nos motivou a estudar mais a fundo essa população e trazer mais diversidade nas pesquisas clínicas para garantir que o diagnóstico precoce e o conhecimento sobre o tratamento adequado realmente cheguem para todos”, finaliza o especialista.