Preço de medicamentos para hospitais cai 2,48% em setembro
O preço dos medicamentos no Brasil recuou 2,48% em setembro, revela o novo Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), indicador criado pela Fipe em parceria com a healthtech Bionexo. O resultado foi impactado sobretudo pelo preço dos remédios relacionados ao aparelho cardiovascular (-8,92%), sistema nervoso (-4,68%) e preparados hormonais sistêmicos (-4,43%).
Comparativamente, o resultado do IPM-H em setembro ficou abaixo da inflação oficial do país medida pelo IPCA/IBGE (+0,64%) e do comportamento dos preços medido pelo IGP-M/FGV (+4,34%). Embora parte dos medicamentos seja importada, o índice ficou abaixo da variação da taxa de câmbio nominal em setembro (+1,13%).
A maior estabilização cambial em relação ao primeiro semestre e o reequilíbrio gradual do mercado em termos de oferta e demanda dos medicamentos contribuíram para a queda do índice pelo segundo mês seguido. “Superado o choque inicial de demanda no início da pandemia, os fornecedores de medicamentos já estão conseguindo expandir sua oferta de produtos e adequar a produção às necessidades dos consumidores. Neste momento de estabilidade da Covid-19, a tendência é que o índice siga em queda nos próximos meses”, afirma Bruno Oliva, coordenador de pesquisas da FIPE.
Entre os treze grupos terapêuticos em que os medicamentos são agrupados, houve em setembro uma queda em dez deles: aparelho respiratório (-0,04%), imunoterápicos, vacinas a antialérgicos (-0,49%), órgãos sensitivos (-0,93%), anti-infecciosos gerais para uso sistêmico (-3,22%), aparelho digestivo e metabolismo (-3,52%), agentes antineoplásicos (-3,78%), preparados hormonais sistêmicos (-4,43%), sistema nervoso (-4,68%), aparelho cardiovascular (-8,92%), e outros medicamentos (-0,38%). Houve uma alta nos grupos terapêuticos de sistema musculesquelético (+4,58%), sangue e órgãos hematopoiéticos (+1,91%), e aparelho geniturinário e hormônios sexuais (+0,38%)
Crescimento na pandemia
Apesar do índice negativo pelo segundo mês consecutivo (houve queda de 1,82% em agosto), o índice registrou uma alta de 11,48% desde o início da pandemia, entre fevereiro e setembro deste ano. Nesse recorte, o índice superou a variação do IPCA/IBGE (alta acumulada de 0,88%) e foi superada pela variação do IGP-M/FGV (alta acumulada de 13,91%) e da taxa de câmbio (alta acumulada de 24,38%).
Contribuíram para o resultado a alta no preço médio de praticamente todos os grupos de medicamentos, especialmente os atuantes no aparelho cardiovascular (+60,02%), sistema nervoso (+47,93%), aparelho digestivo e metabolismo (+27,863%), sistema musculoesquelético (+21,68%) e preparados hormonais sistêmicos (+17,13%). O único grupo que registrou queda foi o de agentes antineoplásticos (-0,44%).
Entre os medicamentos que impactaram o IPM-H na pandemia estão norepinefrina (terapia cardíaca e suporte vital), fentalina (analgésico), propofol (anestésico), midazolam (hipnótico/sedativo/tranquilizante), omeprazol e pantoprazol (antiácidos, tratamento de dispepsia/úlcera gástrica). Os principais fatores da alta do índice no período, estão a desvalorização cambial, desabastecimento do mercado interno e alta na demanda nas unidades de saúde por medicamentos associados aos cuidados relacionados à Covid-19.
Nos últimos 12 meses, o avanço foi de 15,54%. Nesse recorte mais amplo, os grupos que mais impactaram na alta foram aparelho cardiovascular (+60,18%); aparelho digestivo e metabolismo (+48,06%) e sistema nervoso (+47,48%). Por outro lado, os grupos com menores variações foram outros medicamentos (+4,20%); medicamentos atuantes no aparelho geniturinário e hormônios sexuais (+4,54%) e órgãos sensitivos (+7,74%). O grupo de agentes antineoplásicos (-0,99%) foi o único a apresentar queda no período.