Interoperabilidade de dados tem que começar de dentro para fora
Por Bruno Toldo
A área da saúde, como muitos outros setores, também está passando por uma grande transformação. A jornada digital pretende individualizar o paciente, evitar exames e terapias desnecessárias e, principalmente, ajudar o médico a tomar a melhor decisão para aquele momento, sempre baseado em evidência. Por isso, a meu ver, a primeira iniciativa que deveria ser priorizada é a forma como os dados dos pacientes são armazenados e compartilhados entre instituições médicas.
Para garantir que essas informações estejam acessíveis, independente da localização, é preciso implementar soluções que incentivem a interoperabilidade desses dados. No entanto, o cenário é tão complexo que faz parecer que estamos trilhando um caminho impossível. Um exemplo é o fato de que diferentes centros de atendimento utilizam softwares variados, que impedem a tradução perfeita de informações de uma fonte para a outra. À medida que a tecnologia se torna mais avançada, a necessidade de interoperabilidade torna-se mais urgente e, às vezes, mais difícil de ser alcançada.
A interoperabilidade não é apenas mais uma tecnologia que oferece aos fornecedores uma vantagem em relação à concorrência. Sem acesso a todas as informações de saúde relevantes do paciente, os médicos não conseguem tomar as decisões mais corretas para ajudá-lo. A interoperabilidade é uma ferramenta essencial para a construção do cuidado baseado em valor, onde a padronização e a integração de dados clínicos com a gestão operacional favorece a equação de desfecho sobre o custo, além de melhorar a experiência do paciente durante seu tratamento.
Garantir que isso aconteça é crucial e precisa começar de dentro para fora. Com algumas etapas principais, as organizações podem preparar seus negócios para serem facilmente receptivos à interoperabilidade. Quer saber como?
Certifique-se de que o software é amigável e conectado internamente
Parte da razão pela qual é urgente a digitalização da área da saúde é o aumento de eficiência, um aspecto vital em uma indústria tão sensível ao fator tempo. E embora a adoção generalizada de registros eletrônicos de saúde seja considerada um grande benefício, profissionais da área afirmam que a carga de trabalho só aumenta, muitas vezes devido à falta de capacidade de integrar todas as informações de vários setores internos de um centro de saúde. Garantir que todo software utilizado dentro de uma organização seja eficiente no gerenciamento de informações é a primeira etapa para que a interoperabilidade possa acontecer em maior escala.
Atualize suas soluções para diminuir a necessidade de pessoal
Muitas empresas da área da saúde ainda operam com infraestrutura desatualizada que requer trabalho manual para conectar dados entre silos. Isso não só resulta em maior necessidade de pessoal, como também ocupa um excesso de tempo em tarefas que poderiam ser automatizadas. A atualização para soluções mais novas que promovem a integração e interoperabilidade diminuirá a necessidade de pessoal, bem como o tempo necessário para facilitar a interoperabilidade, liberando os funcionários para se concentrarem em outras tarefas mais valiosas e aumentando a eficiência em toda a organização.
Esteja sempre preparado para mudanças
As necessidades de uma organização mudam à medida que os negócios evoluem, e o software precisa evoluir também. Talvez a criação de um novo departamento afete o orçamento e o faturamento, ou uma mudança em um fornecedor de estoque impacte toda a cadeia de suprimentos, desde o contrato até o uso e monitoramento. Uma estratégia de interoperabilidade deve levar essas mudanças em consideração, garantindo que elas não interrompam a capacidade de enviar e receber dados através dos sistemas.
Atualmente, o paciente recebe atendimento de vários locais e suas informações podem ser facilmente distribuídas por sistemas e organizações diversos. A interoperabilidade é um componente crítico para ajudar a reunir esses dados e disponibilizá-los aos provedores para que eles possam fornecer o cuidado adequado ao paciente. O acesso a dados residentes em outras organizações, no entanto, não é a única necessidade para uma interoperabilidade bem-sucedida e essa tendência exigirá ainda mais a necessidade de combinar dados de diferentes sistemas e fontes. Agora é a hora de preparar sua organização para uma interoperabilidade de sucesso – o futuro da indústria, sua empresa e, o mais importante, seus pacientes, dependem disso.
*Bruno Toldo é Chief Medical Information Officer na Infor.