Inteligência Artificial na Saúde: 62,5% dos hospitais privados já usam a tecnologia
Uma revolução na área da Saúde está acontecendo: o uso de Inteligência Artificial em consultórios, clínicas e hospitais. De acordo com um mapeamento feito pela Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e Associação Brasileira de Startups de Saúde (ABSS), 62,5% das instituições utilizam o recurso de alguma forma, sendo a maioria deles em chatbots de atendimento. Outras aplicações também acontecem, como por exemplo: em segurança da informação, apoio à decisão clínica e análise de imagens médicas.
Dos 45 hospitais participantes do estudo, mais da metade investiu em IA com o objetivo de obter melhorias e resoluções de problemas. Desses que investiram, 51% responderam que obtiveram resultados práticos e 23% ainda não identificaram os benefícios.
Entre as principais vantagens do uso de IA na área da saúde, vale destacar alguns tópicos, como: diagnósticos mais precisos, triagem eficiente de pacientes, personalização de tratamentos, otimização de operações hospitalares, redução de erros médicos e melhoria na pesquisa médica. O impacto acontece de forma direta nos cuidados de saúde, eficiência e qualidade global no atendimento aos pacientes.
No entanto, para garantir esse processo, é importante que haja uma gestão administrativa global bem definida e estruturada. Para a consultora Gleice Oliveira, professora e especialista em Gestão em Saúde, a inteligência artificial vem para preencher algumas lacunas e facilitar algumas operações. “A Inteligência Artificial vem para coletar com mais facilidade os dados. Mas para isso acontecer, a gestão do estabelecimento precisa ser eficiente, a começar pelo entendimento da jornada do paciente, por meio de um processo maduro. A partir disso, sim, colocar a inovação para funcionar. Se o processo já não roda bem, a equipe de funcionários não dá conta de absorver as novidades”, explica a especialista.
A inteligência artificial em hospitais pode fazer um papel que hoje não está sendo feito, ou seja, ela não vai acabar com as profissões e, sim, suprir uma carência que já existe no sistema de saúde e facilitar o trabalho de todos.
“A profissão médica é bem solitária, os médicos não têm muito com quem conversar, além de o hospital ter um ritmo próprio. Vale lembrar que o paciente é visto por etapas, por exemplo: um médico atende a pessoa, mas depois há uma troca de profissional e não tem aquela continuidade do acompanhamento, com um olhar do todo e histórico desde o início”, acrescenta Gleice.
A expectativa é de que, em até um ano, 12% das instituições aumentem significativamente seus investimentos em tecnologias de IA, sendo que 37% já têm estratégias definidas para isso, segundo o mapeamento da Anahp, em parceria com a ABSS.
Gestão, processos e desafios
O documento, produzido durante os meses de julho, agosto e setembro traz um panorama sobre como os gestores gostariam que a evolução da IA, em hospitais, fosse aplicada.
Para os próximos anos, a tendência é que haja comitês de inovação para priorização de portfólio; utilização de dashboards e painéis com intuito de gerar inteligência; process mining e inteligência farmacêutica.
Já os desafios são: falta de acompanhamento na evolução tecnológica dos hospitais; integração com laboratórios; segurança de dados e baixa confiança no mercado.
“A inteligência artificial serve para trazer mais dados, confrontar dados, ajudar o profissional a tomar uma decisão baseada em estatística em outros casos e a ter uma forma mais rápida de acessar a informação correta, de ter acompanhamento”, conclui Gleice Oliveira.