O papel da inovação no cuidado à saúde mental
O Brasil é o país com maior proporção de pessoas ansiosas no mundo: 9,3% da população, segundo a última estimativa global de transtornos mentais feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Além disso, é o segundo das Américas com maior prevalência de depressão. Outro dado alarmante aponta que 49% das pessoas sofreram, sofrem ou irão sofrer algum distúrbio mental e 75% não possuem o cuidado devido, quando se trata de países subdesenvolvidos, como o Brasil.
O custo anual associado às doenças mentais atinge a expressiva marca de R$ 500 bilhões, representando um ônus significativo para a sociedade. Essa cifra não apenas reflete os gastos diretos com tratamentos e serviços de saúde mental, mas também abrange os impactos econômicos indiretos, como a diminuição da produtividade no trabalho, custos associados ao absenteísmo e presenteísmo no ambiente profissional, além das implicações nas esferas social e familiar.
Além disso, dados levantados pela última pesquisa coordenada pela Valor Saúde Brasil, mostram que mais de 50% do custo com serviços de saúde no Brasil, são devido a desperdícios por falhas na entrega de valor. Tais números destacam a necessidade premente de investimentos e inovações nos cuidados à saúde, que para serem efetivos precisam contemplar não somente o acesso, como a efetividade destes serviços.
Diante disso, adotar novas abordagens e tecnologias para alavancar a experiência do paciente, reduzir o custo do cuidado e aumentar a eficiência e efetividade clínica, são ações necessárias para se imaginar uma nova saúde. Mais do que apenas incorporar ferramentas avançadas, a verdadeira inovação busca redesenhar processos e sistemas, priorizando a eficácia e, principalmente, a experiência do paciente. Ao enfocar não apenas o tratamento clínico, mas também as interações, o acesso, e a personalização do cuidado, a tecnologia em saúde se torna uma força propulsora para aprimorar a qualidade de vida dos pacientes e proporcionar soluções mais eficazes para a cadeia de cuidados de saúde.
A combinação de uma rede qualificada e a personalização da jornada de cuidado são estratégias que não apenas melhoram a eficiência dos serviços de saúde mental, mas também promovem uma experiência fluida e mais eficaz ao paciente. Essas abordagens garantem uma estrutura assistencial mais alinhada com as condições de saúde de cada paciente ou população. Ao mesmo tempo, a gestão ativa e personalizada de linhas de cuidado permite uma melhor relação de custo e eficiência, além de aumentar a eficácia clínica em abordagens de saúde emocional integradas.
Com tecnologia, a integração de sistemas de saúde tem permitido trocas praticamente instantâneas e seguras de informações entre profissionais de saúde, clínicas e hospitais e operadoras. Isso resulta em uma melhoria substancial na coordenação do atendimento ao paciente, reduzindo redundâncias, erros médicos e atrasos no diagnóstico e tratamento. A conectividade dos sistemas de saúde, impulsionada pela tecnologia, não apenas otimiza a eficiência operacional, mas também aprimora a qualidade dos serviços prestados, promovendo, assim, uma abordagem mais integrada e centrada no paciente para a prática clínica.
Bons desfechos na saúde dependem de uma operação gerenciada do cuidado, com uma abordagem centrada no paciente que não prioriza apenas a prevenção de problemas de saúde antes que se agravem, mas também tratamentos eficazes e fundamentados em evidências científicas, com diretrizes claras ao cuidado devido. Dentro desta estrutura, sessões online com profissionais qualificados ampliam o acesso aos serviços, oferecendo conveniência aos pacientes, enquanto o suporte contínuo e o acompanhamento sistemático da evolução contribuem para uma jornada de cuidado mais integrada e personalizada. Essa abordagem representa uma mudança paradigmática na prestação de serviços de saúde, reconhecendo a importância da continuidade, da individualização e da atenção proativa para alcançar resultados positivos e duradouros.
No cenário atual da saúde, a capacidade de transformar dados em cuidado personalizado é essencial para proporcionar uma abordagem precisa e adaptada às necessidades individuais. O conceito de “identificar para cuidar” representa a convergência da tecnologia com a personalização, onde os dados se tornam uma ferramenta valiosa para orientar a prestação de cuidados. Ao unir tecnologia e personalização, essa abordagem representa um avanço significativo na busca por resultados mais efetivos na prestação de cuidados de saúde.
*Lucas Arthur de Souza é co-fundador da Telavita.